As TIC são essenciais para melhorar o sistema de saúde colombiano

Columnistas

Por Rafael Orduz, Diretor executivo da Corporação Colômbia Digital

Entre os indicadores mais importantes para ilustrar o grau de desenvolvimento econômico e social de um país encontram-se os da saúde de seus habitantes. A relação entre alta qualidade de vida e boa saúde é direta.

Dentro dos «»indicadores de desenvolvimento»» do Banco Mundial (World Development Indicators) há diversos indicadores associados ao estado de saúde dos habitantes de uma nação. Começando pela «»esperança de vida ao nascer»» (life expectancy at birth) que reflete o quanto se pode esperar que um cidadão de um determinado país viva em média. Isso depende de múltiplos fatores, entre os quais: sistema de saúde e sua cobertura, educação, nível de harmonia política (ausência ou presença de conflitos armados), influência do crime organizado e, evidentemente, a renda per capita.

Em tal contexto, as diferenças entre países são dramáticas. Enquanto isso, o Japão, a terceira economia do mundo por seu tamanho, apresenta uma esperança de vida ao nascer de 83 anos, há países subsaarianos e asiáticos (caso do Afeganistão) nos quais tal indicador mostra números inferiores a 50 anos.Na Colômbia, de acordo com o Banco Mundial, a esperança de vida ao nascer é de 73 anos, dado que coloca o país em um nível que, coloquialmente poderia denominar-se de «»classe média alta»» no concerto de nações.

Outros indicadores que refletem a situação de saúde de um território incluem, por exemplo, a taxa de mortalidade de crianças menores de cinco anos por cada mil nascimentos vivos. Igualmente, encontram-se países como Chad (África) onde cerca de 200 crianças de cada 1000 nascidos vivos morrem antes de completar cinco anos de idade. Em contrapartida, nos países de alta renda per capita tal indicador mostra um cuidado prioritário das crianças, já que neles não mais de quatro falecem antes dos cinco anos. De novo, a situação da Colômbia em tal indicador é satisfatória (19/1000).

Dito o anterior é claro que a superação de brecha de saúde entre países e regiões e o cuidado permanente da saúde de seus habitantes é, em qualquer latitude, um propósito prioritário.

Nesse contexto, o uso das tecnologias da informação (TI) possui um papel essencial na ampliação e melhoramento dos sistemas de saúde em todo o mundo.

Ao respeito, debatem os seguintes aspectos:

1. Os sistemas de saúde encontram-se em crise na maioria dos países. Por graves deficiências de quantidade e qualidade da cobertura nos países mais pobres; por encarecimento de custos fiscais nas nações mais ricas. Nessas últimas há diversos fatores associados a crescentes custos fiscais, alguns deles «»colaterais»»: peso crescente de segmentos de idade de pessoas maiores perante as faixas de idade de pessoas jovens, em idade de trabalhar; crescimento de cobertura (lembre-se da atual discussão nos Estados Unidos ao redor do Plano Obama de incluir 40 milhões de norte-americanos que não formavam parte do anterior esquema de cobertura e os atuais protestos de setores republicanos no Congresso de cara aos custos fiscais); enfermidades «»modernas»» e os altos custos de tratamento.

Na Colômbia está em discussão a operação do sistema de saúde atual. Apesar da evidente ampliação da cobertura como resultado da reforma de princípios da década de noventa, eventos complicados relacionados com corrupção na gestão de algumas EPS, o deficiente atendimento para os pacientes do sistema POS (Plano Obrigatório de Saúde), entre outros, estão obrigando uma reforma daquele, orientada tanto ao melhoramento do serviço como da eficiência econômica do mesmo.

2. As TI caracterizam-se por ser de uso universal, ou seja, aplicáveis em diversos setores que incluem educação, justiça, gestão empresarial, gestão governamental e, evidentemente, a saúde.

As TI podem afetar de forma positiva o estado de saúde de um país em múltiplos espaços acerca dos quais se apresentam alguns exemplos:

Acompanhamento do estado de saúde de pessoas idosas mediante tecnologias que realizam seguimento a indicadores básicos (pressão arterial, por exemplo) que são monitorados por equipes médicas à distância. Sem dúvidas desenvolvimentos da nanotecnologia em um futuro próximo, a aplicação de sensores minúsculos localizados no corpo dos indivíduos objeto do monitoramento.

Diagnóstico à distância através de serviços de telemedicina, de imenso valor em países como a Colômbia onde os habitantes de algumas zonas carecem de atendimento médico.

Sistematização dos prontuários médicos dos pacientes. Praticamente todos conhecem a rotina de repetição de informação para processos diagnósticos em cada evento novo de saúde. Por que não contar com um sistema codificado, devidamente assegurado, que permita que a informação diagnóstica se complemente em cada evento e ofereça, finalmente, maior espaço de análise aos médicos e, assim, o acesso do paciente à informação que lhe interesse? 

Investigação em saúde. Em qualquer área do conhecimento, ainda que muito particularmente no âmbito das ciências da saúde, o uso de TI apoia os processos de investigação e desenvolvimento por várias vias: desde ferramentas para o trabalho colaborativo (não há inovação médica que não seja o resultado do trabalho em equipe em centros de investigação e companhias farmacêuticas) até sua aplicação direta em bens e serviços médicos resultantes dos processos de investigação. 

3. Em termos sistêmicos, de acordo com a OECD1, as TI podem ser aplicadas ao setor da saúde em três grandes contextos:

Aumentando a qualidade do atendimento médico e sua eficiência. Em muitas partes do globo os sistemas se encontram fragmentados dentro da corrente de prestação dos serviços e o fluxo da informação entre os diferentes elos é deficiente. Sem dúvidas, a aplicação de TI pode contribuir para troca de informação oportuna entre os diversos elos da corrente dentro de um enfoque orientado ao benefício do paciente. 

Reduzindo os custos operativos de clínicas e hospitais. Um obstáculo presente em processos operativos na saúde se relaciona com o ineficiente manejo documental que, na atualidade implica grandes atrasos no atendimento. Dados determinados índices de conectividade, as TI podem transformar radicalmente a gestão documental nos processos operativos e, com isso, os custos associados. 

Baixando os custos administrativos. Existem processos de corte administrativo como os processos de faturação, concessão de consultas, atendimento de reclamações que com o uso de TI podem reduzir-se dramaticamente, além de facilitar a relação do paciente com o sistema. 

Facilitando novas modalidades de atendimento. Formas novas como a telemedicina (mencionada no parágrafo anterior) e o manejo sistematizado de dados (conducente à gestão unificada de prontuários médicos e a atividades como o monitoramento de determinado tipo de pacientes) formam parte destas novas modalidades.

Desde então, há obstáculos importantes para a implantação do uso de TI. Um deles consiste nos temores ao redor dos prontuários médicos. É evidente que os pacientes tenham o interesse em que seus prontuários médicos possuam absoluta confidencialidade. A inexistência de padrões técnicos no uso das TIC é também um freio no fluxo de informação e que implicaria a aplicação de políticas que, por mais que não possam ser catalogadas como «»centralizadas»», sim requerem de aceitação de padrões de parte dos diferentes agentes envolvidos.

A aplicação de TI implicará, com certeza, o melhoramento dos indicadores de saúde, aspecto imprescindível para o melhoramento da qualidade de vida das nações e de sua produtividade. 

Bibliografia: OECD Health Policy studies, Improving Health sector Efficiency The Roles of Information and Communication Technologies

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