Por Fernando Gámiz
Durante a 42° Jornada Argentina de Informática (JAIIO), o CAIS 2013 foi realizado de 18 a 20 de setembro na Faculdade de Matemática, Astronomia e Física da Universidade Nacional de Córdoba.
“Com o lema deste ano o que pretendemos é que não sejam experiências isoladas, que não sejam coisas que as empresas desenvolvam por um lado e a gente por outro. A ideia é que possamos produzir coisas que nos sirvam a todos para irmos para o mesmo lugar”, explicou Pedro Escobar, Engenheiro Biomédico e Chair do evento, durante a abertura do congresso.
A unificação entre ministérios nacionais e internacionais é uma necessidade chave para a adaptação das novas tecnologias em busca de um melhor atendimento. É por isso que representantes de diferentes governos compartilharam suas inquietudes y experiências no uso das TICs em saúde.
Experiência argentina com o uso das TICs em saúde
Entre os governos presentes destacaram-se os ministérios das províncias de Tucuman e Missiones.
O Subsecretário de Sistemas de Informação do Ministério de Saúde Pública de Tucuman, Sergio Epstein, contou sobre a evolução dos tucumanos nos últimos 10 anos. Uma das grandes conquistas da província foi a construção de uma Rede de hospitais e centros sanitários, onde se compartilha o prontuário médico eletrônico de cada paciente que ingressa ao circuito sanitário da província. Segundo explicou o funcionário, 32 instituições públicas da saúde compartilham informação de mais de 1.400.788 pacientes registrados graças ao projeto de rede iniciado em 2006.
Por outra parte, Sergio Daniel Montenegro, Responsável pela Área de Informática Médica do Hospital Madariaga, compartilhou sua experiência liderando o projeto de implementação da Historia Clínica Única “RISMI” na província de Missiones. Atualmente, o RISMI também foi implementado no Hospital Materno Neonatal. “Proximamente levaremos a Historia Clínica Única ao SAMIC das cidades Alem e Oberá, da província de Missiones”, acrescentou Montenegro.
Além disso, representantes do Hospital Joseph Lister da cidade de Segui, da província de Entre Rios, explicaram suas melhorias ao implementar o sistema livre de gestão hospitalar “GNU Health”.
A Administração Nacional de Medicamentos, Alimentos e Tecnologia Médica (ANMAT) apresentou seu programa de despapelização segura mediante o Sistema Nacional de Traçabilidade de Medicamentos. Em referência aos novos projetos, a Co-Diretora da ANMAT, doutora Rosa María Papale, disse: “Estamos desenvolvendo o formulário online para a prevenção de problemas secundários nos medicamentos”. E logo acrescentou: “Recebemos 8.000 relatórios por ano, ou seja, 500 por mês”.
Pedro Kremer, Diretor de Monitoramento e Supervisão e referente em temas da e- Health do Ministério de Saúde da Nação, analisou: “Nós estamos tendo tecnologias de informação e comunicação que eram inexistentes no estado e que agora não só existem no estado, senão também está sendo modelo de aprendizagem para outras instituições públicas e privadas”.
Mesmo assim, Myrna Marti, assessora regional da Organização Pan-Americana da Saúde em gestão de comunicações e e-Saúde na Argentina, opinou: “É um momento de convergência cultural que nos leva a adaptar-nos às novas tecnologias”.
Tecnologias da Informação e da Comunicação aplicadas à Saúde no setor privado
Tal como afirma o slogan do evento, “Aproximando os agentes de saúde”, é fundamental um trabalho em conjunto e a unificação entre os diferentes profissionais que intervêm na implementação das tecnologias da informação na área. Neste sentido, serviços privados como SUAT e Swiss Medical compartilharam suas experiências com a eHealth.
Eduardo Del Piano, Gerente Corporativo de Sistemas da Swiss Medical, explicou que, ao selecionar um provedor de software para a informatização de uma rede assistencial, a chave é que a inversão seja rentável. Para o Projeto Vertical de Saúde, um dos seis candidatos ficou de fora da carreira por causa do alto orçamento que requeria adquirir seu serviço. “Estamos falando de inversões milionárias, é uma inversão muito grande que o grupo está fazendo para encarar o projeto”, afirmou Del Piano.
“Na hora de selecionar um provedor que pudesse cumprir as necessidades do projeto nos enfrentamos com a realidade de que não tínhamos uma forma adequada de avaliar um projeto grande”, explicou o Informático Médico da Swiss Medical, Javier Díaz. O sistema de eleição de um provedor implica uma minuciosa análise de cada setor chave dos serviços da medicina. “Queríamos avaliar seus sistemas de ponta à ponta, o processo de atendimento, o prontuário médico eletrônico, prescrição de medicamentos, entre outros”, acrescentou Diaz.
Por outra parte, Selene Indarte, Gerente de Informática Médica da empresa uruguaia SUAT, descreveu o processo de implementação da mHealth no serviço de Emergência Médica pré-hospitalar. Como solução à digitalização do médico a domicílio, SUAT incorporou tablets com internet 3G e impressoras portáteis que imprimem um relatório para o paciente. “Nós queremos que o médico na rua tenha a mesma disponibilidade de informação que qualquer um na clínica”, afirmou Indarte.
A intenção cubana de avançar rumo à e-Health e o contexto sociopolítico
Entre os funcionários estrangeiros destacou-se a presença do Diretor de Informática e Comunicações do Ministério de Saúde Pública de Cuba, Alfredo Rodríguez.
“A saúde é a área que gera mais renda ao país, somos um dos países com mais médicos per capita”, garantiu Rodríguez. Alguns projetos -como o registro de trabalhadores em Saúde, o Prontuário Médico Eletrônico, a Gestão em rede dos 47 bancos de sangue nacionais, entre outros- são um claro exemplo da intenção cubana de implementar Tecnologias de Informação e Comunicação no setor da Saúde.
Contudo, Rodríguez enfatizou sobre os obstáculos gerados para avançar rumo à e-Saúde, já que os principais provedores de soluciones TI provêm dos Estados Unidos.
Ponto de encontro
Uma vez mais, o Congresso Argentino de Informática e Saúde foi uma oportunidade para que acadêmicos e profissionais do setor público e privado compartilhem suas experiências e se unam em busca de um melhor e mais eficiente atendimento do paciente.