Avanços, problemáticas e soluções na implementação do SNT

Generales

Por Rocío Bao

“O fundamental é a segurança do paciente e a transparência na comercialização dos medicamentos”, destacou Estela Izquierdo, diretora da Residência em Farmácia Hospitalar do Sanatório Güemes, durante o começo da IV Conferência “Avanços e Soluções Técnicas na implementação do Sistema de Traçabilidade de Medicamentos”, que aconteceu no dia 9 de outubro no NH City & TowerHotel.

Durante uma intensa jornada de nove horas, referentes de empresas e organizações como GS1, Bayer Argentina, Fundação Favaloro, Fundação FLENI, o Instituto Argentino de Diagnóstico e Tratamento (IADT) e Bristol Medicine apresentaram os benefícios, avanços e problemáticas da implementação do Sistema Nacional de Traçabilidade (SNT).

Atualização Normativa da atividade farmacêutica e responsabilidades de cada um dos agentes envolvidos

A primeira exposição foi realizada pela Presidente da Conferência, Estela Izquierdo, quem se expressou acerca das resoluções vigentes, da adesão das províncias ao SNT, dos inconvenientes que se apresentam durante o processo de implementação (como etiquetas ilegíveis, e operatórias não permitidas, por exemplo), os logros alcançados (como as75 milhões de transações informadas), e o papel da ANMAT durante o processo.

Diante da aplicação deste sistema, e a modo de conclusão, Izquierdoafirmou: “Não está em discussão o valor acrescentado para a rede de comercialização e para o paciente”.

Programa Remediar+ Redes

Mauricio Monsalvo, coordenador de Medicamentos e Informação do Ministério de Saúde, enfatizou o atendimento da população argentina no setor público de saúde. Durante sua exposição, explicou a dinâmica do programa “Remediar + Redes”, cujos objetivos principais residem em fortalecer a capacidade resolutiva do Primeiro Nível através da aquisição centralizada e da distribuição direta de medicamentos, da capacitação do recurso humano para o uso racional de medicamentos, e do equipamento e as tecnologias necessárias para otimizar a gestão pública.

“Remediar é uma espécie de grande concentrador logístico de abastecimento público”, afirmou, e logo se referiu à necessidade de consolidar este sistema de abastecimento, mediante o fortalecimento do sistema de informação para cumprir a normativa de traçabilidade e o melhoramento dos processos de recepção, armazenamento e distribuição de medicamentos e insumos do Ministério de Saúde.

Com respeito à gestão de medicamentos, o Coordenador do Plano Remediar falou acerca da auditoria sobre a base de GS1 GTSH e da incorporação de padrões e tecnologia de captura.

“Exigimos aos laboratórios que utilizem somente o DataMatrix e o Código GTIN”, enfatizou Monsalvo.

Sobre esta temática, também destacou a dispensação nominalizada e integrada à gestão clínica, redes de serviços farmacêuticos baseados em APS e a capacitação URM e TRAPS, e distribuição de guias, protocolos e materiais de atualização (prescrição).

Por sua vez, em referência ao esquema de distribuição anual de 2012, afirmou que foram distribuídas mais de 21 milhões de unidades farmacêuticas correspondentes a 199 produtos traçados por lote; 1 milhão e meio de unidades com traçabilidade por série correspondentes a 126 produtos; 58,6 milhões de consultas médicas ambulatórias; e 18,1 milhões de receitas cobertas.

Ao finalizar, Monsalvo expressou a necessidade de consolidar as relações intergovernamentais e de fortalecer os laços entre o setor público e privado, e manifestou: “A integração da logística do Ministério de Saúde através do Remediar supõe uma oportunidade para gerenciar a rede de suministros e insumos no setor público”.

Estratégia operativa apropriada: Helios Pharma e a traçabilidade

A farmacêtica de Helios Pharma Yanina Sarnagiotto foi uma das referentes que mais insistiu na necessidade de falar um mesmo idioma em matéria de traçabilidade.“A traçabilidade nos serviu para desenvolver um departamento de segurança na comercialização e para agilizar as coisas”, afirmou.

E logo acrescentou: “Há farmácias na província que não estão aderidas mas fazem traçabilidade porque lhes resulta prático”.

Sarnagiotto, também, comentou que tentam fazer tudo sob o processo GS1 e detalhou os benefícios do processo de verificação sob esses padrões: traçabilidade ágil e segura, gestão para identificadores de unidades logísticas, intercâmbio eletrônico de documentos (aviso de despacho), precisão de envios ao interior do país, entre outros.

Por último, referiu-se às medidas necessárias para poder implementar um recibo eletrônico de maneira confiável, e explicou que na Helios Pharma contam com um recito eletrônico próprio não padronizado que contém o botão “TRAE”. Este botão permite controlar o recito ou a fatura, o GLN emisor, GLN receptor e a partida.

Por sua parte, o referente da área de Sistemas na Helios Pharma, Hugo Visciglio, anunciou que futuramente uns dos objetivos propostos é utilizar o comércio eletrônico (eCom), porque brinda utilidades como a economia e a rapidez no ingresso de dados, diminui erros humanos, permite comunicar os dados do negócio (independentemente de seu hardware interno ou tipos de software) e conta com sistemas padronizados e escaláveis.

“A grande problemática no sistema de traçabilidade está nos padrões inferiores”, disse. Neste sentido, recomendou, igual a Sarnagiotto, que todos se aproximem mais ao sistema GS1 para que possam facilitar as coisas e falar a mesma língua.

GS1: Gestões para uma identificação segura 

O chefe de Desenvolvimento de Saúde da GS1 Argentina, Mario Abitbol, deu conselhos práticos para a otimização do trabalho mediante o uso de novas tecnologias como a RFID (Radio Frecuency IDentification).

Afirmou que convém investir em leitores 2D e radiofrequência (RF), já que na atualidade, os leitores lineais resultam insuficientes. Também destacou que o EPC é uma aplicação prática de RFID baseada no uso de padrões globais.

“Provavelmente, a RFID e o DataMatrix irão conviver por um longo tempo porque as empresas fizeram um grande investimento e não deixarão de usá-lo de um dia para o outro. Mas em algum momento a Argentina migrará rumo à radiofrequência”, manifestou Abitbol. 

Por outra parte, em comparação com o resto dos países, Abitbol afirmou que em nível mundial não há uma virada da indústria farmacêutica rumo à radiofrequência porque não existe o nível de falsificação sobre os medicamentos que há na Argentina.

“É uma necessidade trabalhar com a traçabilidade; há um tempo para a resistência e um tempo para a proposta. Se houver forma melhor de fazer as coisas, devemos comunicá-la”, concluiu Abitbol.

Análise prática do Laboratório Bayer

O gerente de Sistemas da Bayer Argentina, Pablo D´amico, demonstrou a estrutura organizacional atual da empresa e manifestou seus próximos desafios.D´amico afirmou que os números de série são gerados na Argentina e que, por enquanto, na Bayer os produtos de fabricação local não são traçados. 

Entretanto, expressou que atualmente na Argentina só se faz serialização, mas que em um futuro não descartam fazer agregação. “As empresas locais estão muito mais preparadas que as multinacionais”, afirmou.

Por último, anunciou que os próximos desafios da empresa têm a ver com a implementação de traçabilidad na linha de produção da China, e a implementação de traçabilidade de acordo aos parâmetros do SENASA.

IADT e Fundação Favaloro: Avanços na implementação em farmácias hospitalares 

Guadalupe Fernández Porto, chefe de Farmácia do Instituto Argentino de Diagnóstico e Tratamento (IADT), explicou as etapas no processo de traçabilidade, os recursos disponíveis para realizá-lo e as problemáticas que surgem durante sua implementação.

Fernández Porto destacou que atualmente contam com uma equipe de dez leitoras 2D e duas leitoras inalâmbricas. Além disso, adquiriram um software de traçabilidade (InfHos), desenvolveram e implementaram soluções para a traçabilidade interna do IADT, criaram tabelas de GTIN/GLN vinculadas com os códigos internos, e realizaram modificações de interfaces existentes (consultora).

Apesar desta infraestrutura, Fernández Porto insistiu que ainda existem problemáticas e que resta muitas coisas para fazer: “Uma das limitações atuais é a falta de serialização em nível da unidose»».

Também a falta de equipamento adequado para automatizar o processo”, enfatizou. Finalmente, afirmou que a Resolução 1444/13 é viável se completarem o circuito de traçabilidade informando a administração à cabeceira, que é o principal objetivo a atingir.

Por sua parte, a chefe de Farmácia da Fundação Favaloro, Bárbara Gueler,expressou: “O que todos queremos é chegar à cabeceira do paciente; se a indústria farmacêutica identifica unidose, então se poderá dispensar à cabeceira dos pacientes”.

Análise prático da Fundação FLENI

Nicolás Viudez, encarregado da Área Oncológica, falou sobre os desafios principais da Fundação FLENI: “Buscamos implementar a administração eletrônica, o re-etiquetado de medicamentos, e otimizar SIDCA”.

Além disso, expressou a necessidade da intervenção da indústriafarmacêutica: “Com respeito à re-etiquetagem de medicamentos, a indústria farmacêutica tem que nos ajudar”.

Ao finalizar a exposição, Viudez concluiu: “Trata-se de dispensar a consciência, sabendo que esse medicamento termina no paciente. Não me interessa fazer traçabilidade para cumprir uma disposição da ANMAT, senão para garantir sua segurança”.

Please follow and like us: