A Faculdade de Engenharia da Universidade Nacional de Entre Ríos, Argentina, foi sede do Encontro Latino-americano de GNU Health, um software livre de gestão de sistemas de saúde que pode ser instalado em sistemas operativos (GNU/Linux, FreeBSD, MS Windows), sistemas de gestão de bases de dados (PostgreSQL) e sistemas de planificação de recursos empresariais (Tryton).
Luis Falcón, desenvolvedor do software, apresentou a última versão do programa e explicou que pode ser utilizado e compartilhado sem pagar licenças.
GNU Health conta com três funcionalidades: sistema de informação hospitalar, sistema de informação de saúde e prontuário eletrônico do paciente. Contudo, o objetivo principal é a atenção primária de saúde.
“Não podemos esquecer da base da medicina, que é a atenção primária no sentido amplo do conceito, desde o biológico, o social, e o emocional até a educação. Tudo isso é saúde”, expressou Falcón em diálogo como meio de comunicação local El Diario. E acrescentou: “Hoje em dia temos um sistema que trata com pacientes, mas eu quero mudar esse conceito e trabalhar com pessoas antes que trabalhar com pacientes; temos que trabalhar sobre os determinantes socioeconômicos da enfermidade”.
O software está pensado para funcionar em quatro níveis:
-O primeiro nível parte de entender as pessoas como integrantes de uma comunidade, ou seja, os sujeitos como agentes que geram informação útil para os organismos de saúde. “Por exemplo, caso veja um barbeiro ou se observar casos de violência doméstica, deve avisar os organismos correspondentes”, detalhou Falcón.
-O segundo nível abarca a relação paciente-médico (procedimentos médicos, avaliações, prontuário médico).
-O terceiro nível busca a gestão dos centros de saúde (pessoal, hospitalizações, orçamento).
-O último nível gera estatísticas de toda a informação recopilada nos níveis anteriores para que o Ministério de Saúde correspondente as tome e gestione políticas públicas.
Segundo Falcón, a filosofia do software livre não tema ver com a ideia de gratuidade senão de liberdade, porque de alguma maneira consiste em instalar o conceito de comunidade na informática.
“O software livre permite baixare modificar o sistema que alguémou outra comunidade desenvolveu, por isso quem começar a trabalhar com o projeto é parte dessa comunidade”, afirmou.
O objetivo de GNU Health é universalizar o serviço e para que seja um projeto sustentável, não deve depender de funcionários estrangeiros. O Estado de Jamaica, por exemplo, está implementando o software com recursos humanos nacionais em todo o país. Isso quer dizer que os três milhões de habitantes contarão com um prontuário médico único com informação básica e crítica, que será acessível através de um cartão de visita com um código QR.