Se cada um soubesse o que outros sabem, existiriam muito poucos problemas com resoluções fora de nosso alcance 

Entrevistas

Por Paulina De Cesare

Investigadores, científicos e inovadores costumam perder tempo e dinheiro em realizar experiências que já foram realizadas em outras partes do mundo. O problema é fácil de identificar: falta informação sobre o que se investigou e quais foram os resultados. 

Com o objetivo de diminuir os erros e as perdas de recursos e, por sua vez, acelerar os processos, o professor Yunkap Kwankam está impulsionando um repositório de informação global sobre eHealth que não só integrará dados e estatísticas, senão também incluirá experiências.

O projeto, denominado Global Knowledge Commons for eHealth (GKC), forma parte da iniciativa Every Woman Every Child, da Secretaria Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

Em um diálogo exclusivo com a E-Health Reporter Latin America, o diretor executivo da International Society for Telemedicine & eHealth antecipa qual é o fim de reutilizar informação pré-existente para continuar investigando e criar valor.

Quando o Global Knowledge Commons for eHealth será lançado?

Ainda não temos uma data, mas queremos publicar o informe que esboça as diretrizes nos próximos meses. E logo será questão de encontrar um suporte financeiro para construir a plataforma que permitirá que os repositórios se comuniquem entre si. Com sorte poderemos lançá-lo no fim do ano, neste momento é difícil determinar uma data.

Como surgiu a iniciativa de criar o GKC?

Notamos que em Saúde há muito poucos desafios logrados, para não dizer nenhum, completamente novos. E isso nos fez pensar que seja qual for o desafio que tenhamos em mente, existem possibilidades de que em outra parte do mundo alguém já o tenha encarado e tenha tido sucesso em encontrar uma solução; sobretudo na área da inovação. 

Então nos imaginamos como a eHealth contribuiria para a Saúde se por cada problema detectado pudéssemos acessar toda a informação relevante disponível no mundo. E não só isso, também imaginamos como seria o dia a dia se pudéssemos filtrar os dados relevados segundo as especificações pertinentes de cada problema e, inclusive, se contássemos com opções de ação.

GKC está baseado na premissa de que se cada um soubesse o que outros sabem, existiriam muito poucos problemas com resoluções fora de nosso alcance. 

Com que aportes se financia o projeto?

Contamos com o apoio de muitas organizações que atuam em eHealth; originalmente temos os repositórios de cerca de catorze organizações. E reconhecendo que a criação de conhecimento se produz em muitos contextos, esperamos que o número de pontos em nossa rede cresça exponencialmente para incluir aqueles esforços menores, mais que nada para que as pessoas inovem no uso das TIC no campo da saúde e esteja disposta a compartilhar com outras pessoas seus produtos, serviços ou experiências. Também temos os usuários, os quais serão beneficiados ao consultar o GKC e contribuirão com a base de dados, já que compartilharão os conhecimentos reutilizáveis de suas próprias experiências. 

Como está formada a equipe de trabalho?

Até agora somos doze membros, provenientes dos Estados Unidos, Europa, África, e América Latina; ainda não trabalhamos com pessoas da Ásia por uma questão de diferença horária. Todos nós formamos parte de organizações como a ONU, a União Europeia, USAID, instituições acadêmicas, ONG’s, sociedades profissionais, e repositórios chaves que já existem na base. Uma de nossas afiliadas, por exemplo, executa HingX, uma plataforma que tomaremos como modelo para construir o GKC.

A iniciativa requer um investimento importante? 

Sim, construir a plataforma tomará um investimento inicial e mantê-la requererá recursos permanentemente. Esperamos que os organismos de desenvolvimento, que atualmente destinam grandes quantias de dinheiro a projetos que repetem métodos que já foram realizados, encontrem em nossa ideia uma solução atrativa e contribuam com os custos iniciais. Buscaremos o suporte de organizações de países desenvolvidos, como USAID (Estados Unidos), DFIC (Reino Unido), DFATD (Canadá), SIDA (Suécia), NORAD (Noruega), DANIDA (Dinamarca), JICA (Japão), AID (Austrália).

Estas organizações encontrarão valor no GKC, já que lhes permitirá economizar muito dinheiro em termos de repetição de mecanismos, simplesmente poderão aproveitar o que já está feito e avançar desde ali. Por isso acredito que estarão interessados em contribuir, intelectual e economicamente tem muito sentido. De qualquer forma, estabelecer-se-á um sistema de governança para clarificar os aspectos financeiros, legais, e éticos, entre outros, do GKC. 

Quais serão os requerimentos para poder consultá-lo?

Ter acesso à internet e aderir o código de conduta, que terá dois componentes: as pautas que os repositórios terão que seguir e os princípios aos que deverão inscrever-se nas páginas web que deem acesso aos repositórios.

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