Um projeto de telepsiquiatria ganhou o prêmio FRIDA

Telemedicina

O grupo Telessaúde, pertencente à Universidade de Caldas, ganhou o prêmio do Fundo Regional para a Inovação Digital na América Latina e no Caribe (FRIDA) na categoria “Internet para a promoção, garantia e exercício dos direitos humanos e liberdades fundamentais” pelo desenvolvimento de seu projeto de telepsiquiatria em cárceres colombianas.

É a terceira vez que este projeto recebe um prêmio do FRIDA, entidade que realizará a apresentação do ganhador no Fórum Global de Governança de Internet –de 10 a 13 de novembro, no Brasil.

Nesta ocasião, Telessaúde foi premiado com três mil dólares. “O prêmio nos dará uma visibilidade em nível nacional e internacional. Nosso propósito mais importante é replicar a experiência em todos os presídios do país”, expressou Camilo Barrera Valencia, líder do projeto.

Financiado pelo Ministério de Tecnologias da Informação e das Comunicações colombiano (MinTIC) e Colciencias, o programa de telepsiquiatria em cárceres começou com um teste piloto no Estabelecimento Penitenciário e Carcerário Segurança Média da Cidade de Manizales. A motivação radicou-se nas dificuldades de atendimento que existe dentro das prisões pelos altos custos de traslado dos pacientes, o acesso restringido a médicos especialistas, a deficiência das consultas e a baixa cobertura sobre a população carcerária.

O grupo de investigadores sugeriu duas formas de atendimento: sincrônica e assincrônica (ou em tempo definido). A primeira é aquela na qual o paciente e o psiquiatra interagem em tempo real através de uma teleconferência e o profissional realiza um diagnóstico e tratamento no momento. Na segunda, a consulta é realizada entre o paciente e um médico clínico e este último se comunica com o psiquiatra, quem emite o diagnóstico e tratamento mas nunca estabelece contato com o recluso.

Telessaúde transitou seis etapas:

1. Adequações físicas, técnicas e administrativas na prisão para prestar o serviço de telepsiquiatria.

 2. Design e desenvolvimento do software para realizar as consultas de telepsiquiatria na modalidade sincrônica (Sistema de Videoconferência e de Prontuário Médico Eletrônico) e assincrônica (Sistema de Prontuário Médico Eletrônico).

3. Aplicação do teste de Zung a 303 pessoas privadas da liberdade que referiram ter sintomatologia para transtorno depressivo, o qual deu positivo em 157 casos.

4. Realização de um estudo de custo-efetividade com 106 pacientes, 53 para o modelo sincrônico e 53 para o assincrônico. Aplicação por um médico clínico da escala de Hamilton, projetada para avaliar quantitativamente a gravidade dos sintomas e valorizar as mudanças do paciente deprimido, antes e depois da intervenção em ambos modelos. 

5. Valoração de todos os custos para o atendimento dos pacientes em ambos modelos. Foram inclusos, entre outros: custo do médico geral e do psiquiatra em relação à duração da consulta para cada modelo, da tecnologia utilizada e custos por ineficiência de ambos modelos (quedas do sistema ou de internet). 

6. Análise dos resultados do atendimento e dos custos, o qual determinou que o modelo mais custo-efetivo em telepsiquiatria para pacientes com transtorno depressivo internados em um centro de privação de liberdade é o assincrônico, de acordo aos resultados de efetividade clínica e à satisfação do paciente. 

Segundo o Telessaúde, as patologias psiquiátricas se multiplicam até quatro vezes em um ambiente carcerário. De acordo com suas cifras, os transtornos mentais mais frequentes em prisões são: 

• Depressão (50%)

• Irritabilidade (26%)

• Alucinações (18%)

• Ideação suicida (6%) 

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