Quero debater sobre se se compra bem no terreno da informática em saúde. E isso tem muitos pontos de vista. Vou focalizar-me em um, que é a métrica do ROI (retorno do investimento) e para isso contarei uma experiência pessoal e as conclusões que extraio dela.
Estando em um congresso HIMSS americano havia uma conferência com o sugestivo título de “História de êxito da implementação de uma História Clínica Eletrônica após cinco anos de experiência”. Compareci junto com uma companheira e quando o orador chegou ficamos perplexos pensando que havíamos errado de sala já que era o Diretor Financeiro de uma rede hospitalar norte-americana com treze hospitais.
Conferimos os programas e era a conferência correta. Dos quarenta minutos que ele falou, resumo o que mais nos chamou a atenção. O objetivo da organização era melhorar a conta de exploração em 45 milhões de dólares dentro de cinco anos. Para isso optou-se por um pacote de sistema de informação e criou-se um comitê diretivo ao qual se designou um membro do departamento financeiro para colaborar na gestão econômica. Evidentemente, este comitê possuía representantes das diferentes áreas clínicas e técnicas.
A conclusão é que o financeiro nos mostrou a conta de resultados e saía que haviam melhorado 65 milhões de dólares em vez de 45. Analisando as contas chamou-nos a atenção uma partida de gastos que correspondia à prima única que se dava a cada profissional sanitário quando demonstrava um uso cotidiano da HCE e um 20% total dos custos dedicado à formação (com as perguntas esclareceu que havia uma média de 150 pessoas dedicadas e chegou a haver picos de 500).
Minha conclusão, mais além da extrapolação mais ou menos fácil à Espanha, é que:
- Havia objetivos e uma métrica para segui-los
- Havia uma vontade corporativa de que o projeto fosse um êxito
- Havia recursos dedicados à gestão do êxito
- Havia mecanismos de motivação positiva (econômicos)
- Havia mecanismos de apoio para facilitar a tarefa (formação)
Seria fácil dizer que na Espanha não há pacotes de soluções válidas (discutível), que não se pode motivar facilmente na função pública, que aqui as planilhas são próprias e não necessitam tanta formação, que os objetivos aqui são de serviço e não econômicos (?)…
Não nos percamos nos detalhes. Quantos projetos nascem com uns objetivos explícitos e umas métricas de seguimento pré-definidas?Quantos projetos possuem um horizonte temporal não forçado por razões políticas?Quantos projetos possuem um comitê de seguimento estável e multidisciplinar? Quantos projetos possuem um orçamento de formação que não seja meramente simbólico e só no princípio?Quantos projetos têm um plano de motivação?…
Algum há com qualquer desses aspectos, mas não vou mencionar algum que conheço porque seria injusto com outros que não me lembro. Por isso deixo a porta dos comentários aberta para a discussão e que os que tiverem algo exitoso e o quiserem compartilhar, podem fazê-lo.