“A quarta revolução industrial que vivemos será conhecida como a era da inteligência artificial”

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Niklas Lidströmer, médico especialista do Instituto Karolinska, de Estocolmo, na Suécia, afirmou que somente na área da saúde, contribuirá para a economia mundial com 14 trilhões de dólares na próxima década.

“Veremos um crescimento anual de 40% neste setor. A IA em medicina traz tantas ferramentas ao mercado, que facilitará a telemedicina e a saúde digital e irá trazê-las a novos níveis antes impensáveis”, apontou o também editor-chefe da Artificial Intelligence in Medicine” (Springer Nature), durante un painel do Global Summit Telemedicine & Digital Health (promovido pela Associação Paulista de Medicina) em que vários especialistas participaram.

O médico sueco argumentou que vê o ecossistema de saúde mudando a relação médico-paciente, com os usuários muito mais preparados e independentes. Os sistemas de apoio à decisão serão abundantes e haverá um aumento maciço em cuidados de saúde personalizados de precisão e farmacogenômica, onde os genes eventualmente entrarão na medicina em um novo poder decisivo, bem como outros OMICS (denominação para os termos da ciência que terminam no sufixo ômica, como genômica, proteômica, transcriptômica), embora ainda será necessária a presença humana no circuito.

“Acredito que esse humano será o clínico geral do paciente e a equipe de cuidados primários. Haverá espaço para mais raciocínios profundos, medicina precisa e pessoal e, eventualmente, a entrada de profunda empatia”, afirmou  Lidströmer, que acredita que o conhecimento especializado chegará de vez na atenção primária, alterando profundamente todo o sistema de referência e suas indicações, pois irá acelerar a teranóstica (ramo da investigação clínica que se dedica ao desenvolvimento de métodos individualizados de diagnóstico que possibilitem a seleção de respostas terapêuticas específicas para cada caso) da doença, trazendo impactos nas decisões de manejo.

Avanços e progressos

Os negócios em telessaúde, na visão de Krishnan Ganapathy, professor honorário da Universidade Médica Tamilnadu, na Índia, e presidente da Sociedade de Telemedicina indiana, trouxeram avanços para os serviços de saúde.

Na índia, hoje são realizadas mais de 10 mil teleconsultas por dia. Cerca de 70% da população vive em áreas rurais, mas apenas 3% dos médicos especialistas daquela região atuam nessas áreas, por isso a prática de telemedicina, apesar de ter sido implementada apenas há 20 anos, trouxe progressos na assistência à saúde.

“Em um país em desenvolvimento, em 20 minutos um paciente em uma vila consegue receber uma avaliação computadorizada da retina, por exemplo, com o profissional da área realizando a análise. Isso mostra que demos um grande passo na assistência à população”, afirmou Ganapathy.

É preciso muito trabalho, segundo o professor, para selecionar um método de mensuração, coleta e análise de dados para juntar profissionais que tenham a mesma visão para que, de fato, a saúde digital, a telessaúde e a telemedicina cheguem a todos.

O futuro da saúde e da assistência social, através de soluções digitais integradas, exigirá uma colaboração intersetorial focada, observou Peter Bannister, presidente executivo do setor de Assistência à Saúde do The Institution of Engineering and Technology  e vice-presidente de Ciências da Vida da Ada Health.

A estratégia de saúde no Reino Unido tem sido ter muitos provedores para habilitar a telemedicina e a saúde digital em todas as configurações regionais e globais, por meio da tecnologia da IA, para aumentar a oferta de saúde, permitindo que os médicos possam alcançar mais pacientes com um nível mais alto de consistência, com uma maior capacidade de identificar doenças.

Um ponto importante para o sucesso dessas ações é, de acordo com Bannister, a governança da saúde digital, incluindo a legislação de proteção de dados, regulamentação de dispositivos médicos, bem como diretrizes clínicas e estruturas de aquisição.

“O conceito de que a saúde digital foi aperfeiçoada durante a Covid-19, bem como a ideia de que tudo será revertido após a pandemia, são imprecisos. A igualdade na saúde deve ser considerada desde o início para garantir que as pessoas, dados, softwarehardware e sistemas estejam todos trabalhando juntos para o mesmo objetivo: assistência de qualidade”, ressaltou Bannister.

Também é o que vem buscando a China, com o uso da inteligência artificial para levar recursos a comunidades rurais, onde os pacientes têm acesso restrito a profissionais de saúde e médicos, preenchendo as lacunas no acesso aos serviços de saúde.

Matt Deng, diretor da Infervision Américas, explicou que o atendimento a distância, por meio da IA, interligando hospitais, clínicas e ambulâncias, tem auxiliado para que a população que vive longe dos grandes centros urbanos tenham atendimento rápido e melhor assistência

“A tecnologia, sem dúvida, está ajudando no acesso a quem precisa, além de auxiliar na redução da ocupação dos hospitais e dos custos com saúde. O caminho da sustentabilidade do setor passa pela inteligência artificial”, concluiu Deng.

Fonte: https://www.telemedicinesummit.com.br/

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