A partir da coleta de uma amostra, e por meio de um software específico, seria possível saber quais são os genes de resistência e os patógenos para escolher o tratamento adequado em menos de duas horas.
Conforme anunciado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em meados deste ano, o desenvolvimento de novos antibióticos está “estagnado” e é insuficiente para enfrentar a crescente ameaça de resistência microbiana. Desde 2017, apenas doze antibióticos foram aprovados, dez deles de classes já com resistência.
«Há uma lacuna enorme na descoberta de tratamentos antibacterianos e ainda mais na descoberta de tratamentos inovadores. Isso representa um sério desafio para superar a crescente pandemia de resistência antimicrobiana e nos deixa a todos cada vez mais vulneráveis a infecções bacterianas, inclusive as mais simples”, explica Hanan Balkhy, vice-diretora da OMS para esta área.
Pensando nisso, uma equipe de pesquisadores do Departamento de Biologia Celular e do Instituto de Neurociencias de la Universidad Autónoma de Barcelona (UAB) — liderada pelo pesquisador Albert Quintana — desenvolveu um método que permite determinar rapidamente o padrão de resistência a antibióticos de uma amostra clínica.
Graças a esse sistema, os médicos poderiam escolher o tratamento mais adequado para os pacientes com infecções bacterianas, evitando o uso indiscriminado de antibióticos, o que facilita o aparecimento de cepas resistentes.
Até agora, a equipe de pesquisadores conseguiu verificar a validade da tecnologia em laboratório, primeiro em culturas e depois em hemoculturas de amostras clínicas. Da mesma forma, otimizaram o método de preparação para atingir rapidamente um alto número de bactérias. Atualmente, estão desenvolvendo o sistema de detecção e diagnóstico em amostras clínicas e validando-o em termos de sensibilidade e especificidade.
“Nosso objetivo é dar uma solução para um espaço que hoje não é coberto. As análises laboratoriais atuais, principalmente culturas bacterianas e antibiogramas, não dão uma resposta imediata, perdendo tempo que é crítico em alguns casos, como na sepse”, explica Quintana.
Como é que o sistema funciona
O kit inclui duas peças. A primeira inclui a preparação da amostra, que contém sua tecnologia e que permite concentrar e isolar o RNA bacteriano. Posteriormente, a amostra resultante é passada para um sistema de detecção baseado em sequenciamento. Por meio da aplicação de software específico, é feita a comparação com bancos de dados específicos e é possível saber quais genes de resistência e patógenos estão presentes.
«Procuramos automatizar o processo de forma a introduzir apenas a amostra inicial e visualizar o resultado no monitor do equipamento de diagnóstico. É possível que futuramente seja factível receber o resultado pelo celular, mas imagino que muito provavelmente o teste continuará sendo feito em laboratório», afirma o pesquisador.
Fontes:
https://news.un.org/es/story/2022/06/1510742