HIMSS Colômbia Executive Summit: Avanços da Agenda para a Transformação Digital na Saúde.

Coberturas PT

Com a presença de cerca de 500 pessoas e outras 3.000 conectadas à transmissão virtual, se realizou em Bogotá na segunda-feira, 11 de julho o Executive Summit HIMSS: A interoperabilidade e a Agenda para a Transformação Digital na Saúde na Colômbia, onde especialistas nacionais e internacionais apresentaram os principais avanços, desafios e oportunidades do setor.

Por Angela Sanchez T.

Sob a organização de HIMSS América Latina, o Ministério da Saúde da Colômbia e o E-Health Reporter Latin America, os diversos atores do Sistema Nacional de Saúde, bem como representantes de empresas de inovação tecnológica, reuniram-se nas instalações da Câmara de Comércio de Bogotá abordando cinco painéis temáticos: lições aprendidas no âmbito da pandemia e a visão do futuro; soluções de TI para a saúde; casos de sucesso; cultura e alfabetização digital na saúde, bem como os desafios para a implementação da interoperabilidade.

O Congresso, o primeiro a ser realizado pela HIMSS – sob a liderança do Dr. Mariano Groiso – presencialmente após a pandemia, também abordou depoimentos e apresentações de porta-vozes de entidades públicas e privadas de saúde das diversas regiões do país em torno da adoção de novas tecnologias assistenciais por meio da Telemedicina, Prontuários Eletrônicos, Interoperabilidade, Atendimento Remoto e Inteligência Artificial, entre outros.

Colômbia aspira ser pioneira: Ministério da Saúde

Na sessão inaugural, e prestes a encerrar seu mandato, o Ministro da Saúde e Proteção Social da Colômbia, Fernando Ruiz Gómez, apresentou as conquistas e desafios do país em saúde digital durante o atual governo.

O ministro descreveu a Colômbia como uma das pioneiras regionais no assunto. «Temos um sistema de saúde que cobre 99,6% dos colombianos, com um plano de benefícios que cobre 97% de todos os procedimentos e 92% dos medicamentos».

“Nosso sistema de saúde conseguiu responder à pandemia, mas tem uma limitação importante: é fragmentado e não tem fluxo suficiente de comunicação e informação entre as instituições. Por isso, o desafio mais importante é a transformação digital e a interoperabilidade, e reconhecer que a saúde digital é o campo do conhecimento e do desenvolvimento do uso de tecnologias para melhorar a saúde da população.”

Duas dessas tecnologias, ele especificou, passam por telessaúde e genômica. Quando a pandemia começou, a genômica era feita somente no laboratório do Instituto Nacional de Saúde (INS). «Hoje, após dois anos e quatro meses, temos uma rede com 22 laboratórios de genômica, que rastreiam cada uma das variantes da covid-19», assegurou. Ele acrescentou que «a genômica vai mudar os desenvolvimentos da medicina em questões como o câncer».

No caso da telessaúde, antes da pandemia, eram feitas menos de um milhão de teleconsultas por mês. Atualmente, cerca de 10 milhões são feitos mensalmente.

O responsável destacou outros avanços da saúde digital na pandemia: a consolidação do Certificado Digital de Vacinação, PCR e testes de antígenos, a aplicação Coronapp e a sua transformação na nova app Minsalud Digital.

Avançou-se também na análise de dados para que o Instituto Nacional de Saúde pudesse fazer os modelos matemáticos que permitissem antecipar os efeitos esperados da pandemia.

O ministro destacou outras conquistas: foram realizadas 139 milhões de orientações por telessaúde, são 221 operadoras de telemedicina, 4,2% das operadoras autorizadas do país oferecem telemedicina e estão em 370 municípios da Colômbia. «Isto implica a necessidade de formular e orientar uma política de desenvolvimento da saúde digital», sublinhou e alertou que se trata de um sistema complexo com um grande número de operadores onde construir a interoperabilidade é um grande e urgente desafio. «Construir essas pontes e conexões é essencial para ter governança da informação, pois a interoperabilidade é a base da saúde digital”, concluiu.

Por outro lado, assegurou que o roteiro do setor fica: 1) A Unidade Analítica de Dados de Saúde. 2) O fortalecimento do Minsalud Digital. 3) O portal de contratos de saúde. 4) A integração dos sistemas de informação, e 5) O sistema transacional que foi lançado há um mês e integra todas as informações de afiliação

As contribuições do MinTic

Por sua vez, a ministra das Tecnologias da Informação e Comunicação (Mintic), Carmen Ligia Valderrama, destacou os resultados da política de transformação digital do governo que promoveu desenvolvimentos tecnológicos para enfrentar os efeitos da pandemia.

A responsável explicou como este roadmap melhorou a prestação de serviços médicos, com base na utilização de tecnologias da quarta revolução industrial, entre elas: a Internet das Coisas (IoT), Blockchain, Inteligência Artificial e Big Data.

«Desenvolvemos o modelo tecnológico de interoperabilidade de dados do Prontuário Eletrônico, em coordenação com o Ministério da Saúde. Esse modelo permite que os prestadores de serviços possam intercambiar dados clínicos e administrativos de um paciente, com o uso de padrões técnicos e semânticos internacionais», explicou e destacou a estratégia dos Servicios Ciudadanos Digitales, por meio do GOV.CO/Territorial .

A cultura, um pilar de transformação digital

Alguns participantes destacaram o fato de que além da quantidade e sofisticação das inovações tecnológicas, a cultura e o fator humano são o coração da transformação digital. Martha Cecilia Ramírez Orrego, diretora do Hospital Alma Máter em Antioquia, e uma das participantes do primeiro painel, «Lições aprendidas no âmbito da pandemia e visão do futuro da saúde digital», concordou com isso.

Outros diretores de hospitais, clínicas e centros de atendimento relataram suas experiências, lições e aprendizados na adoção de modelos de telemedicina durante a emergência sanitária.

Da mesma forma, o Painel de Cultura e Alfabetização na Saúde, moderado por Myriam Leonor Torres, Decana da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Nacional Aberta e a Distancia (UNAD), teve como foco o fortalecimento das competências digitais do talento humano em Saúde.

Segundo Juan Carlos Morales, responsável pela Educação para a Saúde da Rede Colsubsidio, «temos um alto índice de analfabetismo digital e para superá-lo é necessária uma complexa e urgente mudança cultural». Por sua vez, Olga Lucía Zuluaga, diretora da ACESI, alertou que o nível de formação digital não pode ser homogêneo, mas de acordo com as grandes diferenças e desigualdades no setor de saúde colombiano, onde existem algumas instituições muito avançadas e outras que estão onde ainda não há conectividade à Internet. E Dora Bernal Ocampo, presidente da Associação Colombiana de Sociedades Científicas, disse que a entidade desenvolve alguns projetos de formação neste sentido para médicos, entre eles os programas Topmed e «Decisiones Acertadas»

Durante o painel, também foram mencionadas barreiras na adoção de tecnologia, como o fato de uma grande porcentagem de pacientes e profissionais de saúde não possuírem os conhecimentos e habilidades digitais necessários, ou pertencer a uma geração mais velha. Para isso, os palestrantes propuseram criar pontes culturais entre gerações para avançar na alfabetização digital e garantir o acesso ao sistema para os mais vulneráveis e atrasados.

A interoperabilidade, o grande desafio

Os desafios para a implementação da interoperabilidade nos territórios foram discutidos por sete participantes, incluindo os secretários de Saúde de Bucaramanga, Juan José Rey Serrano, e de Antioquia, Ligia Amparo Torres.

Entre suas conclusões, destacaram alguns desafios prioritários: formação de recursos humanos, apropriação de tecnologias, conectividade e avanços nas políticas de Estado.

A esse respeito, Constanza Engativá, chefe do Gabinete de Informática do Ministério da Saúde e Proteção Social, afirmou em seu discurso que “a interoperabilidade é uma das chaves centrais do setor da saúde. A transformação da tecnologia no setor da saúde é um desafio que envolveu avanços na consolidação da interoperabilidade dos prontuários eletrônicos no país“.

“O prontuário eletrônico é o único bem que é nosso, mas que não temos. Isso tem que mudar”, alertou e garantiu que existe um conjunto de dados que é compilado no resumo digital do atendimento, incluindo: identificação do paciente, contato com o serviço de saúde, tecnologia na saúde e resultado da avaliação. “Começamos a capacitar as equipes de trabalho de 100 Instituições Provedoras de Saúde (IPS) e seus operadores de tecnologia para fazer a tarefa de extrair o resumo de atendimento da história clínica e enviá-lo para o mecanismo de interoperabilidade”, explicou.

“No dia 19 de julho, durante a «Conectatón», mostraremos ao país que a interoperabilidade é uma realidade na Colômbia à qual todos teremos que nos unir”, acrescentou.

O guarda-chuva da telessaúde

O diretor de Prestação de Serviços do Ministério da Saúde e Proteção Social, John Delgado, destacou a importância de flexibilizar as diferentes formas de prestação de serviços de saúde, utilizando tecnologias.«Isto implica o desafio de ter uma explosão de serviços de telessaúde e telemedicina que mantenham a confiabilidade e a qualidade do atendimento aos atores do sistema, enfatizando dois elementos que regem a prestação de serviços: segurança da informação e segurança informática».

Delgado também definiu as diferenças entre teleorientação e telessuporte e mencionou quatro linhas de atendimento virtual: telemedicina interativa, telemedicina não interativa, teleexpertise e telemonitoramento. «Todos eles têm aquela interação entre profissional e paciente que serve de guarda-chuva para a telessaúde», concluiu.

O fim da “papelocracia”

Durante o último painel, dedicado à Saúde Digital, o sistema de saúde e as expectativas dos atores, moderado por Carlos Eduardo Rodríguez Benavides, diretor macro do setor de saúde da Câmara de Comércio de Bogotá, Dr. Julio Cesar Castellanos Ramírez, Diretor Geral do Hospital Universitário San Ignacio (HUSI) antecipou que o futuro dos hospitais é ter conectividade completa dos equipamentos e não ter que usar papel, se a “papelocracia” colombiana permitir.

Isso exige uma revolução cultural na mentalidade dos profissionais de saúde e dos pacientes, bem como do Estado, que normalmente anda em um ritmo mais lento, apontaram os palestrantes.

Castellanos acrescenta que, no futuro, os hospitais e as instituições de saúde terão que afinar os critérios para a aquisição de novos equipamentos e inovações tecnológicas, assegurar que haja pessoal capaz de manejá-los, garantir backups, ter política e planejamento diante das inovações tecnológicas.

Os participantes concordaram com a expectativa de transformar a telemedicina na prática mais direcionada ao atendimento do paciente e não necessariamente limitada a situações de emergência como a pandemia.

Liderança em saúde digital cresce na Colômbia

Durante o evento também houve um espaço para entrega de placas de reconhecimento a diferentes atores, de parte de HIMSS e da Universidade Nacional Aberta e a Distancia (UNAD).

A decana da Faculdade de Ciências da Saúde, Myriam Leonor Torres Pérez, e o Dr. Mariano Groiso, HIMSS Advisor para América Latina, entregaram as placas às pessoas que promoveram o desenvolvimento digital na Colômbia.

Entre estas, Dra. Olga Lucía Rodríguez, Dr. Germán Augusto Guerreo Gómez, Dr. Carlos Enrique Osorio López, Dra. Lizbeth Alexandra Acuña Merchán, Dr. Manuel Humberto Henao Cataño, Carlos Mauricio Parra Trillos e o Dr. Jaime Leal Afanador.

Para ver o programa completo do evento: https://www.himss.org/sites/hde/files/2022-07/h22bogota-program.pdf

Para ver a gravação completa do evento:

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