A multinacional Dedalus Healthcare System Group, considerada líder em soluções digitais de saúde e diagnóstico na Europa e uma das que mais crescem na China, Oriente Médio, África e América Latina, anunciou oficialmente sua chegada à Colômbia e participou do HIMSS Colômbia Executive Summit .
Por Angela Sánchez T.
Em entrevista exclusiva ao E-Health Reporter Latin America, o médico Jesús Fonseca Cruz, Sales Manager da Dedalus Colômbia, explicou que a empresa “está presente em 40 países dos 5 continentes, apoiando a transformação digital de 6.500 organizações de saúde e 5.300 laboratórios ao redor do mundo. Possui um portfólio de soluções abrangentes que facilitam a transformação digital das instituições de saúde, colocando o paciente no centro e reforçando a continuidade dos cuidados”.
Com vasta experiência como médico e como promotor do desenvolvimento da saúde digital na Colômbia, o Dr. Fonseca foi um dos palestrantes do encontro organizado por HIMSS América Latina, E-Health Reporter e o Ministério da Saúde colombiano na cidade de Bogotá.
Qual é a origem da Dedalus e sua recente incursão na América Latina?
Dedalus nasceu em Florença, Itália, em 1982. Nos últimos anos, adotou uma estratégia de crescimento acelerado, adquirindo empresas e empreendimentos digitais em todo o mundo. No ano passado, fizemos meia dúzia de aquisições, incluindo o negócio de software de saúde da empresa norte-americana DXC por US$ 450 milhões, o que nos trouxe uma importante base instalada em vários países da América Latina, como México, Panamá, Honduras, Argentina, Perú e Chile. No ano anterior, adquirimos a empresa belga Agfa-Gevaert, o que nos permitiu aumentar os negócios em toda a região e entrar fortemente no Brasil, onde temos uma importante subsidiária.
Este modelo de crescimento permite-nos responder com equipes locais e um amplo portfólio capaz de dar suporte às necessidades de digitalização das organizações regionais de saúde, desde hospitais e centros de diagnóstico a governos. O fato de ser um grupo multinacional especializado neste sector permite-nos oferecer aos nossos clientes uma consultoria baseada em casos de sucesso.
Na região, a empresa beneficia mais de 400 postos de saúde, hospitais, laboratórios clínicos, centros de diagnóstico, entre outros, onde trabalham mais de 200 pessoas, responsáveis pelo suporte tecnológico e pela área de vendas. Atualmente, a empresa possui operações na Argentina, Brasil, Chile, México, Honduras, Panamá e Peru.
Quando a Dedalus chegou à Colômbia e com que finalidade?
Como empresa especializada em software de saúde, a Dedalus iniciou um processo de crescimento em 2011 que a levou a figurar entre as Top 5 do setor de soluções digitais para saúde globalmente e número um na Europa. Uma consequência lógica de sua expansão foi estabelecer-se na América Latina, devido ao dinamismo dos sistemas de saúde de seus países, seu porte e a necessidade de incorporar tecnologias para sua otimização. As primeiras operações comerciais na região começaram em 2013.
Em 2020, nosso principal acionista, o Grupo Ardian, decidiu promover negócios na Colômbia, um mercado com grande potencial de crescimento. Como parte deste plano de expansão, há alguns meses abrimos a sede em Bogotá para estar mais próximos dos nossos primeiros clientes (como alguns hospitais privados de alta complexidade, entre eles a Clínica Las Américas, de Medellín) e acelerar a implementação do nosso portfólio no país.
Em que consiste o portfólio de soluções que a Dedalus oferece para países da América Latina como a Colômbia?
Nosso portfólio é extenso e completo. Podemos afirmar que abrangemos todas as áreas: soluções para gestão de prestadores de serviços de saúde, desde sistemas de gestão para hospitais, prontuários eletrônicos, até sistemas de gestão de pessoal, gestão de agendamento e gestão de serviços cirúrgicos, entre outros. Oferecemos ampla experiência em soluções para diagnóstico laboratorial clínico e patologia, tais como o sistema LIS e de gestão de qualidade laboratorial, ou sistemas digitais de patologia. Também trazemos soluções pioneiras de diagnóstico por imagem, como nossos sistemas RIS e PACS baseados na cloud-nativa, que representam um salto qualitativo para esse importante componente de atendimento.
Além disso, temos soluções robustas de interoperabilidade que facilitam o intercâmbio eficiente de informações entre diferentes sistemas e plataformas por meio do uso extensivo de padrões abertos. Da mesma forma, conectamos soluções de saúde que possibilitam o engagement do paciente, ou seja, seu empoderamento, autogestão e comunicação com sua equipe de atendimento na saúde, bem como gerenciamento de risco de populações, grupos ou coortes de pacientes com condições de saúde específicas de parte dos provedores.
Também oferecemos soluções complexas de business intelligence e analytics, especialistas em obter informações de qualidade a partir da grande quantidade de dados de todos os sistemas anteriores, para facilitar os processos de tomada de decisão em todos os níveis das organizações de saúde.
Qual é a oferta da Dedalus para melhorar a interoperabilidade na saúde?
Queremos que as instituições de saúde entendam que a conectividade é essencial para a eficiência dos serviços assistenciais, que devem se basear na continuidade do cuidado e no empoderamento de um paciente que desempenha um papel cada vez mais ativo no centro do sistema. A partir daí, independentemente do seu nível atual de digitalização e conformidade com os padrões do setor de seus sistemas, adicionamos uma plataforma que fornece a camada de interoperabilidade necessária para comunicar seus sistemas atuais com novas ferramentas.
No nível de escopo, a Dedalus oferece soluções para possibilitar a interoperabilidade em nível básico e avançado, que inclui diferentes soluções que permitem o intercâmbio de dados clínicos tanto dentro da organização de saúde quanto fora de suas fronteiras, e até mesmo em nível local ou regional. Além disso, soluções que garantem a identificação única do paciente, bem como o uso de padrões semânticos para garantir a melhor qualidade dos dados e, posteriormente, sua utilização para diversos fins.
Como você vê o panorama do Sistema de Saúde colombiano em termos de saúde digital?
O sistema de saúde colombiano tem feito progressos notáveis, em termos de aumento da cobertura de seguros e proteção financeira das pessoas contra contingências de saúde, redução de despesas diretas, aumento de tecnologias e medicamentos cobertos pelo Plano de Benefícios de Saúde, estabilidade e equilíbrio financeiro do sistema, entre outras conquistas reconhecidas na comunidade internacional.
No entanto, ainda existem lacunas a serem fechadas em termos de maior e melhor oferta de talento humano na saúde e infraestrutura, para o atendimento de pessoas em diferentes áreas do território, que impactam na acessibilidade, e portanto na qualidade dos serviços de saúde.
Há uma acentuada fragmentação nos processos de cuidado que são, ao menos em parte, consequência de seu desenho institucional. Por outro lado, é necessário que diferentes atores do setor (pagadores, provedores, governos locais e regionais) melhorem suas capacidades para gerenciar os riscos à saúde de diferentes pacientes e populações.
Muitos desses desafios podem ser enfrentados a partir de um uso mais amplo de diferentes tecnologias digitais, como interoperabilidade, plataformas de patient engagement, análise de dados ou soluções de gestão populacional, entre outras.
A agenda de saúde digital do novo governo colombiano deve continuar a responder a esses desafios.
Alguns temem que as novas tecnologias substituam o trabalho humano e aumentem o desemprego no setor da saúde. Qual a sua opinião?
Esta é uma ideia muito geral entre alguns grupos de interesse. No entanto, o que realmente se busca com qualquer tecnologia é que as atividades das pessoas agreguem cada vez mais valor aos processos. Automatizar tarefas repetitivas ou rotineiras não só tem o efeito de reduzir as chances de erros (e erros na saúde quase sempre têm consequências graves), mas também libera tempo para realizar atividades em que outras capacidades humanas, como resolver problemas complexos de forma criativa, ou simplesmente dedicar mais atenção às interações com o paciente.
Há ampla evidência de que as organizações de saúde que fazem melhor uso da tecnologia têm melhores níveis de experiência do paciente, melhores resultados clínicos e funcionários mais satisfeitos. A humanização da assistência à saúde implica, entre muitas outras coisas, que os profissionais (médicos, enfermeiros, terapeutas, etc.) dediquem mais tempo a interações de qualidade com os pacientes. Essas interações pessoa-pessoa são o que diferenciam as capacidades digitais das organizações e as enriquecem com suas capacidades humanas.
Qual é a diferença entre “cuidado” e “atenção” aos pacientes?
Atualmente falamos de uma “ética do cuidado”. Ou seja: não se trata apenas de “cuidar” das pessoas ou “prestar” serviços de saúde. Esses dois termos têm conotações de simples assistência ou favores às pessoas. Devemos mudá-los aos poucos em nossas conversas e até no vocabulário normativo porque no setor saúde todos cuidamos de outras pessoas. Cuidar dos outros é a essência dos sistemas de saúde e as tecnologias digitais nos permitem fazê-lo cada vez melhor.