Com a plataforma Mosquito Alert, os cidadãos participam comunicando a presença e atividade dos mosquitos através de uma app. “A ciência cidadã nos permite obter dados massivos e um diálogo constante com os cidadãos. Ter uma rede de pessoas dispostas a colaborar com a ciência reduz custos e amplia as áreas de vigilância, permitindo a detecção precoce», explicam os responsáveis.
O Ministério da Saúde, por meio do Centro de Coordenação de Alertas e Emergências em Saúde (CCAES), aposta na ciência cidadã, promovendo o projeto Mosquito Alert como ferramenta para melhorar o controle e a vigilância dos mosquitos transmissores de doenças.
Esta plataforma permite a qualquer pessoa fornecer informação sobre a presença e atividade dos mosquitos através de uma app. A ciência cidadã é incluída pela primeira vez como ferramenta de vigilância no novo Plano Nacional de Prevenção, Vigilância e Controle de doenças transmitidas por vetores.
Mosquito Alert é um projeto coordenado pelo Centro de Estudos Avançados de Blanes do Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC), a Universidade Pompeu Fabra (UPF), o Centro de Pesquisas Ecológicas e Aplicações Florestais (CREAF) e o Instituto Catalão de Pesquisa i Estudos Avançados (ICREA).
Estas instituições, em quase 10 investigações, verificaram que a participação cidadã pode melhorar o potencial de vigilância e detecção precoce de espécies invasoras como o mosquito tigre (Aedes albopictus) ou o mosquito japonês (Aedes japonicus).
“O mundo está mudando em grande velocidade; não podemos lidar com problemas sem mudar a maneira como lidamos com eles. É necessário inovar para alcançar sistemas de vigilância eficientes. A ciência cidadã é a chave do que nos compete hoje”, explicou Fernando Simón, diretor do Centro de Coordenação de Alertas e Emergências de Saúde (CCAES), durante a apresentação do Plano Nacional. “Nós constantemente geramos informações em nossos celulares, isso tem que ser útil para o controle de vetores e muitas outras questões de saúde pública”, afirmou.
Em colaboração com o CCAES do Ministério da Saúde, o Mosquito Alert planejou uma ação comunicativa e informativa para promover a participação cidadã com o slogan ‘Se te pica, avise!’. O objetivo é estudar a expansão do mosquito tigre além de seu limite conhecido de distribuição na Espanha; gerar o primeiro mapa de picadas na Espanha para identificar onde e quando há maior interação entre humanos e mosquitos; ampliar o conhecimento sobre a distribuição do mosquito japonês na costa cantábrica; e detectar a possível chegada do mosquito da febre amarela.
Para Frederic Bartumeus, investigador do CEAB-CSIC e codiretor do Mosquito Alert, “a incorporação da ciência cidadã num Plano Nacional é uma ação pioneira a nível europeu. É um marco importante que demonstra o valor da colaboração entre a comunidade científica, os cidadãos e as administrações para alcançar objetivos comuns”.
Uma ferramenta de saúde pública
Toda a informação fornecida pelo público no âmbito do projeto contribui para o estudo científico e gestão de mosquitos invasores. Os dados podem ser consultados e descarregados no mapa Mosquito Alert depois de validados e classificados pelos especialistas da Rede Nacional de Entomologia Digital (ReNED).
Segundo Roger Eritja, chefe de entomologia do projeto, “a validação desses especialistas, combinada com técnicas de inteligência artificial, fornecem grande precisão, consistência e velocidade a uma plataforma de vigilância em tempo real”. Com todas essas informações, são elaborados mapas de risco dinâmicos que permitem uma resposta mais rápida e eficiente aos problemas de saúde pública relacionados aos mosquitos.
O CEAB-CSIC tem financiamento europeu através do Plano de Recuperação, Transformação e Resiliência do Governo de Espanha, a partir dos fundos Next Generation EU. Esse apoio econômico contribuirá para a manutenção da infraestrutura da plataforma, bem como para a geração de um sistema de alerta automatizado com inteligência artificial e ferramentas de visualização quase em tempo real, o que facilitará a tomada de decisões dos gestores de saúde pública das distintas administrações.
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