Em 2013, o volume de informações relacionadas com o atendimento na saúde foi de 153 exabytes, de acordo com um relatório publicado pela International Data Corporation. A magnitude é gigantesca: equivale a quantidade que poderia ser armazenada, se cada habitante do planeta tivesse quatro DVDs. E continua crescendo: a previsão é de que em 2020, será superior a 2000 exabytes.
«Como meu primeiro computador só tinha 4K de RAM, estes números me surpreendem», disse no blog corporativo, Kate Barney, gerente de Marketing da Hyland para a Industria de Assistência Sanitária. Esta empresa norte-americana é uma das três líderes do crescente mercado de plataformas de serviços de conteúdos (CSP, sigla em Inglês), segundo avaliação efetuada em 2017, pela Gartner, Companhia de Investigação e Consultoria em Tecnologias da Informação (TI) que criou o novo conceito.
Os serviços de conteúdos ou CSP, são serviços essenciais para a transformação do negócio digital, na qual, o principal, é gerenciar informações de forma inteligente. Isso implica modernizar o ecossistema da informação, digitalizar os principais processos de uma organização, automatizar o cumprimento e a administração, aproveitando-se do aprendizado de máquina (machine learning) para melhorar a experiência do cliente.
«É um novo paradigma na captação, na gestão e no consumo de conteúdos», destacou Scott Craig, Socio Vice-Presidente, da Product Management da Hyland, que tem sua sede central em Westlake (Ohio) e que está fortalecendo sua presença na América Latina. Para Hyland, este desenvolvimento também significa mudar as expectativas sobre como e onde se cria, se utiliza e se compartilha o conteúdo de uma organização.
Do papel para serviços abertos
No começo, a transformação digital foi «deixar o papel para trás». Com esta idéia nasceu a Hyland, que criou em 1991, a plataforma OnBase, para ajudar a eliminar os custos de impressão de relatórios diários. Esse tipo de soluções, classificados como «software de imagens de documentos» passaram a ser chamados por «software de gerenciamento de documentos», ao incluir a capacidade de pesquisar e recuperar informações.
O processo continuou, e surgiram soluções ainda mais complexas, que comtemplavam todo o ciclo de vida de conteúdo dentro de uma organização e incorporavam ferramentas de fluxo de trabalho (Workflow) para direcionar o conteúdo para a pessoa certa no momento certo.Assim, o «gerenciamento de documentos» se tornou «gerenciamento de conteúdo corporativo» (ECM, sigla em Inglês).
«Os sistemas ECM tradicionais são monolíticos: normalmente exigem uma grande e complicada etapa de implementação, como também uma manutenção permanente», explicou Craig. Ainda em organizações que implementaram o ECM, uma enorme quantidade de conteúdo crítico está escondido em silos de informação dentro deles, como aplicativos espalhados, caixas de entrada de e-mail, drives de rede e ferramentas de compartilhamento de arquivos. Assim, os funcionários perdem tempo procurando em vários sistemas e o serviço se deteriora.
Portanto, as organizações agora necessitam muito mais do que transformar papel em informação eletrônica para distribuição interna. Elas exigem plataformas que possam reunir conteúdos armazenados em inúmeros repositórios para conectar aplicativos e minimizar a expansão da TI (IT sprawl). Necessitam fornecer para as pessoas, a informação completa e principal, que eles requerem para trabalhar com a máxima eficiência. O ideal, é que esteja no âmbito das aplicações que esses usuários já conhecem e utilizam. E, finalmente, eles necessitam formas seguras para poder compartilhar esse conteúdo com seus clientes, parceiros e outras partes interessadas, externas a empresa.
Isto levou Gartner anunciar no final de 2016 a substituicão do conceito de ECM pelo de «serviços de conteúdos». «A prática de gestão de conteúdos será habilitada como um conjunto de serviços que coordenam a utilização de conteúdos por todas as partes: usuários, sistemas e aplicações», disse ele. As CSP atendem às demandas atuais e levam informações aos desktops, laptops e dispositivos móveis em qualquer lugar do mundo, mesmo sem ter uma conexão à Internet. De acordo com a análise do Gartner, até 2020, 15% das empresas vão ter substituído o seu provedor de ECM tradicional por outro que lhes forneça serviços de conteúdo como um consumidor.
«Os serviços de conteúdo são construídos como microservices para permitir aos clientes acessar apenas os recursos e aplicativos que necessitam – disse Craig-. A combinação de microservices e de componentes reutilizáveis da interface do usuário permite que fornecedores, parceiros e clientes construam aplicações focalizadas na pessoa». Além disso, ele destacou que, para os clientes, esses serviços resultam em menores custos totais de propriedade, retornos mais rápidos dos investimentos e desempenho e usabilidade muito melhores.
Este foi o caso do Texas Children’s Hospital em Houston, nos Estados Unidos, com resultados muito bons. «Escolhemos OnBase, pois é sólido e pode lidar com documentos clínicos e de negócios», disse Chastiny Neal, analista de sistemas e administradora do sistema de Hyland, neste centro de quase 500 leitos. «É mais do que apenas armazenamento ou um repositório: impulsiona o fluxo de trabalho.»
Neal destacou a integração com o software EPIC para registros médicos eletrônicos e a vantagem de que é simples de usar e manter se estiver instalado corretamente.
O hospital já digitalizou as informações de um departamento, que agora está disponível e pode ser acessado mais rapidamente.«Implementar o OnBase Patient Window [janela do paciente] dentro do EPIC permite aos usuários finais filtrar e procurar documentos quevêm com regularidade», comentou Neal, acrescentando que os profissionais do estabelecimento de saúde fizeram parte da transição: não só foram levadas em conta as suas observações durante a implementação, mas também receberam o treinamento necessário.
Impacto no atendimento da saúde
Dispor facilmente da informação adequada quando e onde se necessita, é essencial para fornecer serviços de saúde com qualidade focados no paciente, finalidade na qual, a maioria dos prestadores de atendimento médico estão adotando práticas e serviços. Os pacientes não deveriam levar suas informações para diferentes fornecedores, nem os médicos deveriam ter que entrar em vários sistemas para encontrar as informações que necessitam. Independentemente do paciente estar em uma clínica, um hospital ou em casa, através de uma aplicação de telemedicina, os profissionais devem ter acesso a todas as informações, incluindo imagens em formato DICOM, que não é apenas excessiva, mas também muito diversificada.
Além de gerenciar o conteúdo de imagens médicas e de reunir conteúdo de várias fontes para conseguir enfocar no usuário, uma CSP oferece outras vantagens para o atendimento médico de qualidade. «Os serviços de conteúdo incluem visualização de diagnósticos, arquivo neutro do fornecedor, automação robótica dos processos, recursos de pesquisa clínica, integração de listas e fluxos de trabalho específicos de atendimento de saúde e muito mais», detalhou Craig.
Segundo afirmou, Hyland oferece um conjunto exclusivo de produtos e serviços para o setor da saúde, ajudando a digitalizar e transformar as operações de mais de 19.000 organizações no mundo. As soluções são adaptadas de forma personalizada às distintas necessidades. Durante a última Hyland CommunityLIVE 2018, a conferência anual de usuários que reuniu 2.000 participantes em Nashville, Tennessee, Ed McQuiston, Vice-Presidente Executivo e Diretor Comercial da Hyland, dedicou uma das conferências principais para demonstrar como a empresa se associa aos seus clientes para criar soluções inteligentes na medida exata.
Mas a empresa também tem uma visão do futuro. «Nossa combinação de aplicações de gestão de conteúdos e de imagens nos permite atender todas as necessidades do cliente. Dado que Gartner nos qualificou como líderes em serviços de conteúdo, os clientes podem confiar no valor futuro e no desempenho para investir na Hyland«, acrescentou Craig.
A perspectiva na América Latina
A promessa de expansão desses serviços não deixa de fora as instituições de saúde da América Latina. Laura Arboleda, Gerente do Setor de Saúde da região da Hyland, destaca que o mercado da saúde vem adotando permanentemente tecnologia e práticas para melhorar o gerenciamento das informações. Mas essa adoção terminou sendo um tanto desconexa em relação aos sistemas reais e suas capacidades de integração e interligação. «Portanto, temos visto a falta de intercâmbio de informações», disse ela.
Atualmente, existe uma necessidade e desejo mais claros de usar melhor e de maneira integrada esses sistemas altamente especializados.»Vemos essa tendência em diferentes indústrias e em toda a região», disse Arboleda. E continuando: «Há uma pressão para adoptar normas onde múltiplos fornecedores e sistemas podem oferecer suas soluções enquanto permitem que o conteúdo e as informações sejam compartilhadas para o benefício do usuário final ou para chegar a um objectivo fundamental».
No setor da saúde, esse objetivo é oferecer o melhor atendimento possível ao paciente. «Aos médicos devem garantir o conteúdo adequado, independentemente do sistema disponível no local de atendimento e da maneira mais simples que lhes permita tomar as decisões médicas indicadas», comentou Arboleda. Desde a sua perspectiva, ainda há um longo caminho pela frente na região: «O objetivo certifica os passos necessários para alcançar».
Craig e Arboleda concordam que, a medida que os clientes atuais e potenciais na América Latina continuem a transformação digital dos seus sistemas de TI, muitos clientes procurarão modernizar e automatizar ainda mais seus processos. Outro impulso na região será melhorar a interligação dos sistemas e fazer com que o acesso e o intercambio de informações sejam mais seguros e fáceis. «Os serviços de conteúdo serão a solução mais acessível e sustentável para que os clientes do setor da saúde cresçam e conectem seus conteúdos e fontes de informação», prenunciaram.