Com a interoperabilidade e a colaboração no centro das soluções, os líderes do setor apresentaram algumas tendências atuais que marcarão o futuro da saúde digital. Entre outras coisas, os especialistas anteciparam os avanços mundiais que em breve ocorrerão na América Latina.
Por Rocío Maure
As organizações de saúde atualmente buscam solucionar diversos problemas que abrangem diversas especialidades. No entanto, a recente crise sanitária demonstrou a importância de fortalecer as unidades de terapia intensiva e inclinar-se para o atendimento e monitoramento remoto dos pacientes. Nessa linha, já existem algumas soluções que podem definir o rumo da saúde digital e beneficiar tanto os profissionais de saúde quanto os pacientes.
O futuro das unidades de terapia intensiva
O Dr. Mark-Holger Konrad, médico líder da Philips, discutiu o futuro do monitoramento de pacientes e estabeleceu alguns parâmetros de trabalho. Entre os problemas mais importantes, ele citou o estresse fisiológico dos pacientes e do corpo clínico que geram alarmes na UTI. A gestão destes alarmes não é um detalhe menor. «Hoje, se supõe que os alarmes falsos positivos são um dos principais riscos à saúde dos pacientes», explicou Konrad.
Outro problema relevante são os desafios na qualidade e distribuição das informações: é comum encontrar registros manuais com erros que impactam os fluxos de trabalho e prejudicam o paciente.
O especialista informou que, como resultado de uma investigação do Journal of Medical Internet Research, foi determinado que fabricantes e fornecedores de dispositivos médicos deveriam se concentrar na redução de alarmes falsos, estabelecendo padrões operacionais para alarmes, adicionando sensores sem fio, estabelecendo as bases para uso de IA, garantir o uso de ferramentas interoperáveis e melhorar a alfabetização digital da equipe de UTI.
«A interoperabilidade e o acesso remoto, além de proporcionar maior mobilidade aos pacientes, devem favorecer sua desospitalização», disse o médico especialista. «Devemos considerar o aumento da expectativa de vida da população e o aumento da complexidade desses pacientes. A população está envelhecendo de forma insalubre e a isso se somam as consequências da pandemia», acrescentou.
É claro que essas melhorias supõem um investimento por parte das organizações de saúde; por isso, é fundamental utilizar plataformas interoperáveis para integrar diferentes especialistas e amortizar o investimento.
«Nosso objetivo é promover a colaboração com profissionais de saúde para melhorar a experiência do paciente e da equipe clínica. Queremos projetar soluções que se ajustem às necessidades de cada cliente e entendemos a importância de gerar soluções escaláveis e configuráveis com base em uma linguagem de design comum e software harmonizado», finalizou o Líder Médico.
O futuro dos cuidados cardiovasculares
A colaboração também é essencial para a cardiologia. «Os serviços de cardiologia são entidades complexas e a colaboração é um processo de melhoria contínua que garante que as tecnologias e as pessoas estejam de acordo», descreveu Sergio García Casado, Gerente de Produto de Sistemas de Informação Clínica em Imagem Cardíaca e Análise Avançada.
Dentro da cardiologia, existem diferentes áreas inter-relacionadas: o paciente é visto primeiro por um cardiologista clínico, depois continua com imagens não invasivas e, finalmente, se necessário, a unidade de intervenção é envolvida para fornecer tratamento. Na verdade, o processo não é necessariamente linear, o mesmo usuário pode até estar em lugares diferentes ao mesmo tempo ou podem fazer um intercâmbio de funções. «Muitas diretrizes médicas atuais da cardiologia buscam promover a prática multidisciplinar na área porque a detecção precoce garante a intervenção precoce», disse o especialista em tecnologias.
As tendências em cardiologia são o acesso unificado, a escalabilidade das ferramentas, a interoperabilidade para evitar a duplicação de sistemas e complementar as soluções hospitalares e o armazenamento correto das informações para uso em desenvolvimentos futuros. Isso se traduz em plataformas comuns que podem hospedar diversas áreas do conhecimento, com ferramentas apropriadas para cada uma dessas áreas e conectadas ao prontuário eletrônico (PSE). «Os diferentes setores da cardiologia – como a imagem intervencionista, não invasiva, de cuidados intensivos – devem trabalhar juntos para não criar ilhas de informações segregadas», alertou García Casado. Para atender a essas necessidades, a solução Philips IntelliSpace Cardiovascular funciona em 4 pilares:
· Oferecer um único ponto de acesso para todos os cardiologistas, onde podem receber todos os tipos de imagens, e de onde se pode alimentar o histórico clínico cardiológico do paciente.
· Fornecer soluções escaláveis; não apenas em termos de número de usuários, mas também em termos de número de fluxos de trabalho que podem ser implementados.
· Quebrar as ilhas de informação e garantir que as ferramentas proporcionem a mesma visão do paciente a todos os atores relevantes para promover a colaboração entre, por exemplo, cardiologia, medicina interna e emergências.
· Promover o uso inteligente dos dados. As soluções da Philips têm como filosofia o armazenamento de dados de forma estruturada. A IA algorítmica pode então usar esses dados para fazer previsões clínicas ou estimativas operacionais.
Como caso de sucesso, o especialista citou um hospital de Salamanca que procurou trabalhar com os dados que tinha armazenado desde 2017 para analisar a correlação em alguns tipos de patologias e prever o que poderia acontecer aos pacientes. «Desenvolvemos um algoritmo para prever que um paciente passaria de estenose aórtica moderada ou leve a grave em um determinado momento. As diretrizes clínicas são gerais, não consideram o paciente individualmente. Se formos capazes de antecipar, podemos tomar decisões oportunas», explicou García Casado.
Com esse sistema de assistência, avalia-se o melhor período de acompanhamento de cada paciente (patente pública compartilhada entre o hospital e a Philips).
Transformar o presente em futuro
A Philips já está trabalhando no futuro e, durante o Connect Day, foram delineadas algumas estratégias principais que serão transversais a diferentes soluções.
Por exemplo, o desenho das soluções deve permitir que sejam utilizadas a partir de qualquer dispositivo; não é mais necessário ter um visualizador ou hardware específico, isso pode ser feito a partir de um tablet. Por sua vez, a empresa aposta em garantir a escalabilidade ao nível do número de usuários e também dos fluxos de trabalho.
Os especialistas, ao longo do evento, também destacaram a importância de abordar todo tipo de situação; uma instituição pode ter 1 ou 5 centros; as soluções contemplam diferentes cenários e podem ser multi-hospitalares. Buscando evitar os silos de informações tão comuns hoje em dia, a Philips investiu em ter ferramentas compatíveis com outras marcas de equipamentos.
A abordagem atual e futura é conectar muitas modalidades e usuários a um servidor central. Não é mais necessário que o usuário esteja presente em um determinado local em um determinado horário. Além de agregar conforto ao paciente e ao profissional de saúde, os processos são otimizados financeiramente, pois não é necessário instalar postos de trabalho que posteriormente se tornam obsoletos ou que nem todos os usuários sabem utilizar. Ter uma solução cliente-servidor permite que as instituições façam um único investimento e depois atualizem todo o sistema ao mesmo tempo.
Finalmente, não há dúvida de que o uso inteligente de dados pode alcançar um progresso incrível. Antes, o fator humano e a coleta manual de dados impossibilitavam a comparação de dados ao longo do tempo. Agora, os fluxos de trabalho orientados por dados possibilitam medir os resultados, porque você não pode melhorar o que não pode medir. «A IA não é mágica, ela precisa de dados. E esses dados exigem uma solução capaz de armazenar esses dados corretamente: eles devem ser objetivos, independentes dos usuários e de estar estruturados para que as soluções possam utilizá-los», afirmou Sergio García Casado.
No final do Connect Day 2022, os especialistas se comprometeram a continuar evoluindo junto com os clientes e gerar ecossistemas totalmente colaborativos para facilitar o intercâmbio de todos os players relevantes de saúde e tecnologia.
«A inovação tem que fazer sentido», concluiu Felipe Basso, Diretor de Sistemas de Saúde da Philips no Brasil, porque, em última análise, o objetivo é alcançar uma saúde mais sustentável, de qualidade e acessível para todos.