As operadoras telefônicas possuem um valor diferencial, especialmente na gestão massiva de remotos e crônicos

Entrevistas

Carlos Cendra estudou Ciências Econômicas e começou a trabalhar em uma consultora de tecnologia na Espanha, onde realizou um projeto de consultoria sobre a redefinição de toda a estratégia comercial da Telefônica. Em seguida, continuou em um projeto de renovação tecnológica em hospitais, que levou a renovar todo o parque tecnológico de 82 hospitais espanhóis. Assim, em 1997, começou a dedicar-se exclusivamente à área da saúde e continuou fazendo isso por 14 anos, sempre desde o rol da consultoria. Em 2007, como parte da equipe de uma consultora de saúde foi ligado novamente à Telefônica como consultor externo e, depois de quatro anos, participou do projeto eHealth Telefônica, para terminar ingressando na empresa.

«»A história com a Telefônica leva muitos anos. Tenho uma visão muito ampla do setor da saúde, ligada ao tecnológico, aos planos de estratégia tecnológica, implantações de projetos de registros médicos, sistemas de informações hospitalares e telemedicina»», destaca o próprio Cendra e explica que, por mais que sua maior experiência fora desenvolvida na Espanha, sempre esteve participando na América Latina.

Conheçamos um pouco mais:

EHealth Reporter Latin America: Acha que a Telefônica conseguiu posicionar-se como um agente-chave para o setor?

Carlos Cendra: Efetivamente, a Telefônica identificou que, no campo da saúde, há uma oportunidade para posicionar-se como um agente-chave. E por isso decidiu apostar fortemente no setor de saúde.

 

EHRLA: Em que consiste essa aposta?

CC: A primeira coisa que fizemos foi analisar o mercado e identificar áreas de oportunidade onde a Telefônica, através das suas capacidades, pode fornecer soluções diferenciais e tornar-se mais um agente no setor da saúde. Nesse sentido durante este ano e meio ou dois anos nós começamos a desenvolver esta estratégia.

 

EHRLA: Em que consiste a estratégia da Telefônica Digital para a saúde?

CC: Estamos nos centralizando em quatro linhas de soluções na área de saúde da EHealth, com um foco muito claro sobre o nível dos países nos quais queremos começar a trabalhar para começar a desenvolver toda essa estratégia. Os países nos quais nos focalizamos são a Espanha, Reino Unido, Brasil, Argentina e Chile.

 

EHRLA: Por que escolheram esses países?

CC: Fundamentalmente pela maturidade que o setor da saúde tem e também pela capacidade que a Telefônica possui neles. Nossa ideia é centralizar-nos nos mesmos e lançar os produtos em que estamos trabalhando. Algumas destas soluções estão altamente desenvolvidas em alguns mercados, e o que estamos fazendo é levá-las a outros países. Em outros casos, estamos começando praticamente do zero e paralelamente em todos os países.

 

EHRLA: Todas as linhas de negócios já foram testadas na Espanha?

CC: Nem sempre, por mais que seja certo que temos soluções que já tínhamos na Espanha, a grande maioria das soluções são projetadas especificamente para cada mercado.

 

EHRLA: Como é a sua agenda ao visitar a Argentina?

CC:  Basicamente, eu venho para fazer duas coisas. Primeiro, estudar todos os avanços realizados pela Divisão local, relacionados com o plano estratégico na Argentina. Em relação ao plano estratégico 2013-2015 na área de Ehealth, estamos no momento de dimensionar as necessidades nas estruturas de recursos, compartilhar a visão com o país e encerrar esse plano. Em segundo lugar, me ocupo em reuniões com clientes com os quais já estamos conversando há vários meses e também estamos à procura de novos clientes com os quais começar a trabalhar nesta linha de negócios. Sempre que começamos com um cliente novo estamos em conversações importantes.

 

EHRLA: Quais negócios e alianças vocês já fecharam?

CC:  Com (a empresa de seguro de saúde) Galeno, que é um cliente de longa data da Telefônica, temos trabalhado na linha de imagens médicas. Há também uma realidade: há muitas coisas que as organizações públicas e privadas devem fazer sobre assuntos de EHealth, por isso nós também temos claro onde podemos oferecer uma solução diferencial e onde não. Nós temos áreas em que entendemos que somos diferenciais pelas capacidades e porque são soluções que podem ser industrializadas.

 

EHRLA: Como quais?

CC: Nós nunca vamos começar a realizar projetos de desenvolvimento de plataformas ou de soluções para gestão, porque aí estão os desenvolvedores. Entendemos que somos novos em tudo que esteja relacionado com uma gestão remota de serviços e onde possamos industrializar a milhões de usuários. Somos bons gerenciando todos os encontros através de diferentes números de canais para o paciente e somos capazes de levar assistência remota para milhares de pacientes. Sabemos gerenciar dispositivos e prestar serviços em dispositivos móveis em áreas remotas. Mas há linhas de negócios nas quais não nos vamos intrometer. Nós não somos especialistas em fazer projetos, porém, em vez disso, somos excelentes industrializando serviços. Por isso podemos industrializar um serviço de imagens médicas: porque temos todas as capacidades necessárias de data Center e de comunicação. Mas, pelo menos por enquanto, não estamos interessados ​​na criação de um serviço de informação hospitalar em um hospital que requer integração e serviços de desenvolvimento, onde outros já têm as capacidades. O que sim podemos fazer é complementá-los com nossas soluções.

 

EHRLA: Um exemplo?

CC: O caso da Galeno, que tem quatro mil pacientes crônicos que devem ser monitorados. A capacidade de administrar esse serviço, por exemplo, para entregar certos dispositivos de atendimento remoto na casa do paciente, fazer o acompanhamento do paciente, dar suporte no caso em que o dispositivo não funcione. Isso uma organização de saúde nem uma empresa de software podem fazer. Aqueles que estão acostumados a ​​ gerenciar serviços para milhões de usuários ou serviços se suporte de forma industrializada somos nós, as operadoras.

 

EHRLA: Quais estratégias estão sendo implementadas para promover isso?

CC:  Nós estamos falando com clientes de diferentes países que reconhecem o valor diferencial que podemos dar-lhes como uma empresa que costuma gerenciar serviços em grande escala, no novo modelo de atendimento à saúde com base na aplicação das TIC. Nós, as operadoras, temos uma capacidade significativa para diferenciar-nos. A utilização das TIC começou com a primeira onda no mundo com a eHealth, entendida como a informatização hospitalar. Mas, agora está tomando um passo adiante: a saúde avança em direção a um modelo que está emergindo no campo da saúde, para ir onde o paciente está. Por isso, será necessário gerenciar e monitorar, acompanhar a milhares de usuários com milhares de dispositivos e com suporte, com conectividade, com serviço. Nisso é onde a Telefônica aposta com o seu valor diferencial.

 

 

Notícias relacionadas:

Agenda de horários, atendimento remoto, teleassistência e gestão de crônicos

É possível evitar o colapso dos sistemas de saúde?

 

Please follow and like us: