«»A necessidade de unificar experiências deve-se a que os esforços por avançar rumo à saúde digital atualmente se encontram isolados 

Entrevistas

Por Fernando Gámiz

O professor Pedro Pablo Escobar, Chair do CAIS 2013 junto com Alejandro Viegas Palermo, conversou com a E-Health Reporter Latin America para adiantar a nova edição do congresso, que será realizado de 18 a 20 de setembro na Universidade Nacional de Córdoba.

O objetivo desta edição é unificar experiências do setor público, privado e acadêmico. O que buscam lograr com o trabalho em conjunto?

O trabalho em conjunto nos pode levar a alcançar o passo mais importante na área das tecnologias da informação aplicadas à saúde: o prontuário médico eletrônico, único e onipresente. Trata-se do acesso aos dados de saúde de um indivíduo e da população por parte de todos os agentes, estejam onde estiverem. E a necessidade de que unifiquemos experiências deve-se fundamentalmente a que os esforços para avançar rumo à saúde digital atualmente se encontram isolados, sem que os objetivos nem os resultados possam ser compartilhados reduzindo tempos, custos de desenvolvimento e implementação.

O que é necessário para conseguir uma união entre os diferentes setores da saúde?

Inicialmente só é necessário vontade e comunicação. A primeira é fortemente dependente das pessoas e das instituições. A segunda depende da difusão das atividades que cada grupo realiza, seja na área acadêmica ou bem em empresas de desenvolvimento ou hospitais onde realizam experiências. Dentro dos esforços de comunicação, o CAIS tem estado, há vários anos, levando o estandarte para a difusão de trabalhos vinculados com a informática em saúde, e tratando de propôr duas linhas muito claras: educação e unificação de esforços. Se eu desenvolvi algo que é útil pra você, façamos algo para que sirva para nós dois, compartilhemos, melhoremos e avancemos. Quanto mais atividades de difusão e vinculação possamos realizar, mais próximo estaremos de lograr uma aproximação real entre os diferentes agentes do setor da saúde.

O que os participantes poderão encontrar como inovador no Congresso deste ano?

Em princípio propusemos um CAIS mais delineado com relação à lista de temas para abordar, como inovador podemos mencionar a forte presença de dissertantes do estado, tanto provincial como nacional, que teremos congregados em uma jornada completa. Esta presença é inédita em eventos anteriores e mostra como o conceito de saúde digital foi fortalecido dentro da agenda digital dos governos. Finalmente teremos um track dedicado à educação em informática médica, que será encerrado com uma mesa de debate e intercâmbio de ideias com respeito às necessidades de educar e formar profissionais nessa área.

Por que decidiram incluir países como Canadá, Uruguai, Brasil e Cuba?

Por um lado, porque compartilhamos o problema. A história recente nos mostrou que as fronteiras nacionais ou as alfândegas não detêm as enfermidades, como o caso das epidemias emergentes e re-emergentes, como a gripe suína, tuberculose, inclusive o HIV/AIDS. Por outro lado, porque  é importante ver os enfoques que diferentes países tomaram com respeito ao manejo em formato digital de sua informação de saúde. Às vezes uma solução europeia, ou uma estadunidense, por exemplo, tem componentes culturais, locais, que as tornam mais difíceis de transportar, e não devem ser aplicadas diretamente.

Nesta edição estará presente o Dr. Gabriel Yedlin, Secretário de Políticas, Regulação e Institutos do Ministério de Saúde, como nota a evolução em nível nacional das tecnologias da informação na área da saúde?

O governo Nacional está começando a definir os grandes rumos, mas ainda é incipiente. Em outras áreas, como judiciais ou comerciais, já houve grandes avanços com o uso da assinatura digital para a certificação e identificação dos agentes que intervêm em cada ação. Em Saúde a assinatura digital ainda está à espera de uma sanção nas câmaras. Portanto, a presença de autoridades relevantes do governo nacional é promissória e vital para conhecer o futuro que se aproxima, as perspectivas de aplicação e os tempos nos quais sas mudanças serão realizadas.

Uma das temáticas que será desenvolvida no CAIS 2013 é a necessidade de ensinar Informática em Saúde em carreiras de pré-graduação, que importância tem uma boa educação acadêmica nessa temática?

Atualmente, com relação à qualidade de educação em TI Saúde, estamos melhor que cinco anos atrás, mas há cinco anos atrás não havia nada. Hoje em dia, todos dependemos de uma ou de outra forma da informática, em todo o mundo, e para quase todas as profissões. Então: algo que é parte da formação essencial para o desempenho de uma profissão, não se deveria ensinar nos cursos de graduação, onde se dão os títulos profissionais? Este debate é muito amplo e há muitos pontos de vista diferentes, ainda que nem tão diferentes. Ainda falta avançar no design de uma grade curricular básica onde todos estejamos de acordo que seja o núcleo fundamental, sobre o qual se poderão montar outros ramos. É aí onde todos estamos tratando de aportar nossos esforços e vontades, porque com a experiência que se vem acumulando em educação achamos imperiosa a necessidade de gerar as alternativas de formação profissional em TICs em saúde.

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