Os sistemas de atendimento de saúde estão em transição por fatores contextuais e internos 

Redes integradas de servicios de salud (RISS)

Por Nicolás Parada

Durante as “5tas Jornadas Internacionais de Gestão: as Redes Integradas de Serviços de Saúde (RISS), um caminho rumo à Cobertura Universal”, o doutor e professor brasileiro Eugênio Vilaça Mendes apresentou seu último libro, «»As Redes de Atendimento de Saúde»», financiado pela Organização Pan-americana da Saúde. 

Além disso, foi responsável pela abertura do encontro celebrado no Hospital El Cruce – Néstor Kirchner, de Buenos Aires, Argentina, onde dissertou sobre a situação atual dos sistemas de saúde na América Latina.

“Os sistemas de atendimento de saúde estão em transição por fatores contextuais e por fatores internos. A discrepância entre um e outro é a causa da crise moderna dos sistemas de saúde”, remarcou.

Hoje em dia, asseverou o autor, apresenta-se um forte predomínio relativo nas enfermidades crônicas. A vida sedentária, o tabaquismo, a alimentação inadequada e o uso excessivo de álcool e outras drogas pareceriam ser, segundo Vilaça Mendes, os causadores do aumento destas enfermidades. “Como o mundo responde estas situações de saúde? Através de duas formas de organizar o sistema: os sistemas fragmentados do atendimento de saúde e os sistemas integrados dos sistemas de saúde, e essa é a proposta das redes de atendimento de saúde”, explicou.

Os sistemas fragmentados organizam-se sob o princípio da oferta e operam de forma episódica, reativa e orientada para o atendimento de casos agudos e agudizações de condições próprias. “Temos uma situação de saúde do século XXI: um predomínio relativo de condições crônicas, que está sendo respondido socialmente com um sistema de saúde desenvolvido na primeira metade do século XX, mas naquele momento predominavam as condições agudas”, pontualizou.

Por sua vez, acrescentou que as redes são organizações esporádicas de serviços de saúde vinculadas entre si por uma visão única, por objetivos comuns e por uma ação cooperativa interdependente que permite brindar um atendimento contínuo e integral a determinada população (coordenada, e ordenada, pela atenção primária de saúde).

Vilaça Mendes fez uma ênfase especial na atenção primária e na necessidade de criar uma economia em escala por meio da centralização de hospitais de alta complexidade. De fato, indicou que a atenção primária é o ponto de coordenação de toda a rede, dado que é onde se realiza o contato entre a população e o sistema de saúde. “Em 85% dos casos devem ser solucionados na atenção primária e 15% restante deve ser derivado às áreas secundárias e terciárias de atenção, segundo corresponda, pelo nível de risco que o paciente apresenta”, acrescentou.

O desenvolvimento de uma economia em escala toma relevância no momento de analisar a eficácia e o custo de investimento dos hospitais de alta complexidade. Por meio da análise de casos do Brasil, Vilaça Mendes conclui que a medida que aumenta o número de camas melhoram os resultados das operações e diminuem exponencialmente os custos.

Por último, para apoiar sua apresentação com experiências concretas, apresentou dois modelos de atendimento à saúde em sistemas integrados em redes. O primeiro tinha seu eixo na população e estava baseado em eventos agudos, enquanto o segundo estava pensado para casos de condições crônicas.

No encerramento da jornada, no dia seguinte, os organizadores lhe deram a palavra. Eugenio Vilaça Mendes felicitou os expositores, agradeceu o convite, remarcou o esforço realizado pelo Estado argentino na implementação de redes no sistema de saúde, e voltou a ressaltar a importância da atenção primária de saúde. “Tudo começa na atenção primária”, insistiu.

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