6 exemplos do poder da digitalização na saúde

Coberturas PT Notícias

No LATAM SUMMIT realizado durante a HIMSS Global Health Conference and Exhibition em Chicago, foram apresentados exemplos concretos que ilustram a importância da transformação digital e o potencial que ela pode ter para as organizações da região.

  • “Para que o processo de informatização seja bem-sucedido, precisamos alinhar os incentivos de todos os atores”, disse o Dr. Alfredo Almerares, Diretor Médico e de Segurança Clínica da InterSystems para a América Latina. O especialista apresentou a solução Coordinate My Care, feita com base nas necessidades do setor digital do Serviço Nacional de Saúde (NHS) do Reino Unido, que atende com precisão às expectativas de pacientes, provedores e financiadores. Essa plataforma permite que todos os pacientes insiram suas especificações sobre o que priorizam no atendimento, qual o nível de complexidade que estão dispostos a aceitar, se concordam com a doação de órgãos, se desejam medidas extraordinárias em caso de emergência, entre outros. Assim, gera confiança nos pacientes porque eles consideram que suas preferências são levadas em consideração, conforme indicam os resultados da percepção do usuário, medidos por meio da tecnologia por trás da plataforma, que pertence à InterSystems. Por sua vez, provedores, médicos e enfermeiros também estão satisfeitos porque a plataforma permite que eles respeitem os desejos do paciente; eles podem consultar essa informação mesmo em caso de emergência, desde de uma ambulância. Por fim, no que diz respeito aos financiadores, foi demonstrado um retorno de investimento de 44 vezes. Atualmente, o cadastramento de usuários no modelo Coordinate my Care cresce exponencialmente e cada vez mais prestadores aderem. “Se algo funciona e cresce, é imitado e esse modelo pode ser aplicado em qualquer país do mundo”, concluiu Dr. Almerares.
  • O aspecto administrativo e de gestão de recursos é um dos pilares de qualquer hospital. Lá, a automação pode ter um grande impacto, tanto na otimização de recursos quanto na economia de tempo e dinheiro. “A falta de informação custa vidas. O ecossistema de saúde pode aproveitar soluções de outras indústrias para resolver problemas de dados”, alertou Andrés Avila, Diretor de Marketing da Zebra Technologies para a América Latina. O especialista colombiano destacou o impacto da rastreabilidade em um hospital por meio da gestão da cadeia de suprimentos, pois é possível estabelecer alertas com IA para otimizar o processo; pela automatização do fluxo de pacientes em salas congestionadas (como salas de cirurgia e pronto-socorro); e, ainda, a localização dos equipamentos, principalmente os mais caros, e o cálculo do tempo de atraso, para economizar tempo que pode ser redirecionado ao paciente.
  • “Reduzir a dependência de infraestrutura, para que a clínica cresça sem aumentar os metros quadrados”, assim resumiu a estratégia de telemedicina de sua organização,  Loreto Bezamat, Gerente de Produto Digital e Inovação da Clínica Alemana do Chile. A Clínica Alemana de Santiago, com mais de 115 anos de trajetória, já realizou mais de 140.000 atendimentos remotos em 90 áreas médicas, e desde o ano passado conta com especialistas exclusivamente dedicados ao atendimento remoto. De acordo com esta referência, as áreas mais procuradas são: Pediatria, Medicina Interna, Neurologia, Obstetrícia, Broncopulmonar Pediátrica. “O desenvolvimento é caro, por isso devemos analisar o problema, mensurar a demanda e trabalhar de forma multidisciplinar, sempre com o foco no paciente”, comentou Bezamat. Assim, detectaram a possibilidade de atendimento por telemedicina quando não havia atendimento ambulatorial e criaram o serviço de Telemedicina Nocturna. A partir dos aprendizados dessa experiência, ampliaram a oferta com a TeleUrgência: uma plataforma que orienta o paciente a avaliar se o atendimento pode ser feito à distância ou se precisa de atendimento presencial com encaminhamento direto. Graças ao sucesso de ambas as iniciativas, finalmente desenvolveram o Telebox, um novo espaço físico para atender os pacientes que chegam ao Pronto Socorro e podem ser atendidos remotamente. Como conclusão, 20% da TeleUrgência foi realizada pelo Telebox e assim, foram economizadas mais de 7 mil horas de consulta presencial.
  • Outra organização que aprofundou sua estratégia de telemedicina é a Fundação Oncológica Arturo López Pérez do Chile. “A telemedicina não compete com o atendimento presencial, são dois canais diferentes, onde os objetivos são diferentes. Adapta-se à necessidade, nem todos os pacientes podem receber atendimento por teleconsulta, nem todos os médicos podem atender desta forma”, disse o Dr. Inti Paredes Bascuñan, CMIO da Fundação. O executivo chileno destacou que a entidade trata 15% dos casos de câncer mais complexos do país, que já contabilizaram 8.000 cirurgias oncológicas de alta complexidade. A Fundação tem alto grau de colaboração com a rede pública de atendimento e atende pacientes de baixa renda e que não podem pagar pelo tratamento. “Acreditamos que o acesso e a equidade fazem parte do trabalho dos que estamos na saúde; hoje podemos oferecer teleconsultas por US$ 1 per capita”, acrescentou. O verdadeiro desafio de sua proposta é a cirurgia teleassistida: tratamentos de câncer bem-sucedidos requerem intervenção cirúrgica, e atualmente há escassez de cirurgiões. “Estima-se que até 2030 faltarão mais de 4 milhões de cirurgiões”, disse o Dr. Paredes Bascuñan. Por isso, desenharam um modelo altamente replicável, fácil de implementar, de baixo custo e ampla cobertura, que levou a uma colaboração com o governo japonês e à  primeira cirurgia com sinal 5G no Chile, uma rede em nuvem com download simultâneo para dispositivos móveis, para admitir mil alunos de cirurgia em uma sala de cirurgia.
  • A Inteligência Artificial (IA) é, sem dúvida, essencial para a inovação, e isso foi demonstrado pelo Dr. Carlos Otero, CMIO do Hospital Italiano de Buenos Aires (Argentina), com a apresentação do Programa de IA em Saúde (pIASHIBA), que visa investigar as possíveis aplicações da IA ​​nesse segmento e desenvolver e integrar essas ferramentas aos processos de saúde. O Programa tem linhas de intervenção muito claras: trabalhar imagens de câncer da mama, patologias ósseas e radiografia simples através de diferentes especialidades dentro da mesma estratégia. “Ninguém tem capacidade para fazer tudo, enquanto uma empresa de informática trabalha exclusivamente no desenho de soluções, nós também mantemos nossos hospitais funcionando; por isso propomos voltar ao intercâmbio, estamos abrindo uma unidade de IA mais aberta, onde trocar informações e receber contribuições externas, para ter uma estratégia mais sustentável”, afirmou Dr. Otero. Além disso, ele insistiu na importância da telemedicina e comentou sobre um novo projeto do HIBA que consiste em Telessaúde presencial.
  • Por fim, também com a ajuda de IA, a Fundação Cardiovascular de Colômbia está desenvolvendo um aplicativo chamado  Mi cirugía, com o mecanismo de reconhecimento de voz Amazon Alexa para registrar tempos cirúrgicos, solicitar suprimentos, comunicar-se com a central de monitoramento de cirurgias e realizar checklists automáticos e ditado por voz. Um grande avanço é que a Alexa está conectada ao sistema de prontuário eletrônico da organização para que ela possa acessar todas as informações. “Sempre há desafios de privacidade ao usar ferramentas de IA, temos a responsabilidade de proteger os dados pessoais do paciente, sejam eles na nuvem para aprendizado de máquina ou usados ​​internamente para outros fins”, esclareceu  Andrés Mora Gómez, Diretor do Centro de Inteligência Artificial da Fundação, que já obteve a certificação EMRAM Nível 7 de HIMSS. Além desse aplicativo, a equipe está trabalhando em modelos iniciais de ventilação mecânica prolongada para prever a evolução pós-operatória de pacientes pediátricos, prever infecções, tempos de internação, entre outros aspectos que ajudarão a melhorar a qualidade do atendimento. “Devemos buscar sistemas que nos permitam auxiliar na tomada de decisões sem desprestigiar os especialistas. Trata-se de testar constantemente, todos os modelos de IA precisam de muita validação”, concluiu o especialista colombiano.

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