Dado que a verdadeira transformação digital é gerada articulando o setor público com o privado, nesta nova edição do HIMSS Colômbia Executive Summit algumas palestras detalharam o estado atual de diferentes IPS (institutos prestador de saúde) colombianos e propostas de provedores de soluções tecnológicas.
Por Rocío Maure
Tal como reconheceram vários oradores ao longo da jornada, é essencial considerar o papel que desempenha o âmbito privado no setor de saúde. Um grande exemplo dos pontos comuns entre ambos foi a palestra que reuniu Constanza Rodríguez, Chefe de Tecnologia da Informação e Comunicações da Méderi, e o Dr. Edgar Julián Niño Carrillo, Gerente do Hospital Universitário de Santander. Ambos coincidiram em que se deve envolver os líderes administrativos e assistenciais para que indiquem quais são as principais necessidades, destinar recursos para a alfabetização digital e ter informações robustas para aplicar novas tecnologias. “Uma brecha importante é a obsolescência da tecnologia, que nos obriga a validar no mercado que está disponível, e para isso a interoperabilidade é essencial”, explicou Rodríguez, a partir da experiência da Méderi com as soluções da InterSystems. “Aprendemos rápido, mas implementamos mais lentamente”, acrescentou; por sua parte, o Dr. Niño Carrillo da gestão pública, esclareceu que já têm experiências com inteligência artificial (IA) aplicada à agenda de visitas, que restaura a capacidade ociosa do hospital, e um software identifica como fazer mais economia nas unidades de alto custo.
“A saúde digital será valorizada se for acessível e facilitar o acesso a serviços de saúde de qualidade, se for respeitada a segurança e a privacidade dos usuários”, afirmou a Dra. Mónica Andrea Ulloa Ruíz, Diretora Executiva da Câmara de Instituições para o Cuidado da Saúde, na qualidade de moderadora de uma palestra de afiliados da Associação Nacional de Empresários da Colômbia (ANDI). Durante o mesmo, o Dr. Arturo Quintero Vergara, Diretor de Tecnologias da Informação da Fundação Cardioinfantil (La Cardio), recomendou taxativamente que “a transformação digital tem que fazer parte da estratégia do alto governo da instituição. As equipes de trabalho devem ser mistas entre a assistência e o administrativo, e devem ser consideradas como um investimento para médio e longo prazo”. La Cardio está trabalhando há 8 meses em um modelo de prevenção na área de clínica cardiometabólica para agilizar a atenção dos pacientes.
Na mesma linha, a Dra. Carolina Hernández, Gerente Regional Centro de Medicarte, ilustrou que, graças às soluções digitais, conseguiu melhorar a adesão aos tratamentos de 80% a mais de 92%. Considerando que é um IPS focado na atenção de pacientes com condições muito complexas, doenças de alto custo, a adesão ao tratamento farmacológico é essencial e resolveram usando interoperabilidade para gerar a autorização do medicamento além da atenção clínica e minimizar os procedimentos administrativos. Por sua parte, o Dr. Javier Agudelo Valencia, Vice-presidente de Saúde de Viva 1A, valorizou os modelos preditivos. “Devemos procurar os pacientes que estão em risco, ter programas de risco e usar IA para que cumpram os protocolos”, ilustrou e insistiu em que há que gerar valor em toda a cadeia de valor, não apenas em um segmento.
Na sua vez, a Dra. Claudia Josefina Díaz Prada, vice-presidente de Operações da SIES Saúde, comentou que sua organização trabalha com soluções de diversos provedores, um sistema de gestão inteligente individual de risco, uma plataforma de interoperabilidade e uma unidade móvel com internet via satélite para abarcar mais território. Ainda assim, indicou a “não tornar mais complexo do que é necessário. Devemos ser pragmáticos nas práticas”.
Os bastidores das soluções
Mais além do IPS, outro ator privado fundamental para o setor da saúde são as empresas tecnológicas que desenvolvem e fornecem ferramentas digitais. Os palestrantes concordaram que existe atualmente pressão sobre os custos e escassez de pessoal, pelo que a prestação de cuidados de saúde tem de ser transformada. “No caso colombiano, procuramos conectar todos os territórios, garantir o acesso à saúde de qualidade e para isso fornecemos soluções de interoperabilidade. O primeiro passo é o prontuário eletrônico (PE), mas são necessários muito mais dados, conectando os diferentes níveis de prestadores, seguradoras, pacientes e também o Estado”, explicou Francisco Vélez Uribe, Diretor Geral da Siemens Healthineers, para os países de língua espanhola da América Latina. O representante acrescentou que o objetivo da empresa é expandir a medicina de precisão para diagnosticar e fornecer tratamento no momento certo, fornecer soluções que permitam ao paciente ter maior conectividade e mais autonomia. Para isso, desenvolveram Soluções de eHealth que abrangem diversos conceitos, desde o acompanhamento de pacientes crônicos até à comunicação constante entre toda a equipe de saúde e o paciente.
“A tecnologia já existe, o que devemos fazer é aplicá-la”, disse Alfredo Almerares, Gerente Executivo Clínico da InterSystems, e explicou que “não há processo de transformação digital bem-sucedido se todos os atores não forem considerados, desde pacientes até os pagadores”. A título de ilustração, ele comentou o caso de sucesso aplicado no Reino Unido chamado Coordinate my care, que se baseia simplesmente em perguntar aos pacientes sobre suas preferências de saúde. Além disso, contou a experiência de sua empresa na região, onde possuem mais de 400 implementações de PE e confirmou que a mesma tecnologia disponível na Europa é a que oferece nos países latino-americanos. Com espírito colaborativo, ele insistiu na importância da interoperabilidade e convidou os participantes a gerar ecossistemas e “abrir caminhos para conectar todas as soluções porque não existe uma empresa que resolva tudo”.
“Não há necessidade de inventar nada, basta adotar e adaptar as experiências de outros territórios e de outras regiões que tiveram sucesso. Para isso, devemos avançar juntos”, acrescentou Gustavo Adolfo Torres Becerra, Gerente de Saúde da Minsait, empresa da Indra; e o Dr. Jesús Fonseca Cruz, Líder do Departamento Clínico da Dedalus para a América Latina, descreveu que “a inovação é uma nova forma de pensar não é simplesmente adotar novas tecnologias, porque incentiva a criatividade e a resolução de problemas de uma forma nova e eficiente. “Envolve muita disciplina e um certo desejo de risco.” Na Dedalus, empresa de software com portfólio de aplicações clínicas, sabem que o gerenciamento de populações específicas (como pacientes crônicos), no uso de ferramentas no centro cirúrgico e o atendimento domiciliar ganham cada vez mais importância. «Esse deve ser o rumo dos novos desenvolvimentos».
Por sua vez, Martín Medina, Gerente de Desenvolvimento de Negócios de Segurança Cibernética da BGH Tech Partner, comentou que os ataques cibernéticos estão cada vez mais sofisticados e estratégicos. “É possível adicionar cada vez mais camadas de cibersegurança para proteger infraestruturas críticas, mesmo num ecossistema com nuvem”, explicou e destacou a importância de transferir um esquema de cibersegurança para todos os funcionários de cada organização, começando pelas questões básicas como ativar a autenticação dupla no WhatsApp, para gerar uma cultura de segurança cibernética.
Uma alternativa aos fornecedores externos é a criação de equipes internas responsáveis pela execução de iniciativas como o hospital digital. É o caso do Hospital Pablo Tobón Uribe, hospital universitário de Medellín. Gustavo Adolfo Gutiérrez Soto, Chefe da Divisão de Operações, comentou que há 5 anos trabalham no desenvolvimento de robôs e hoje contam com 45 robôs. Destacou especialmente que a equipe conta com engenheiros de processo que ajudam na análise antes da implementação da automação. A título de ilustração, descreveu um para o gerenciamento de medicamentos: nas internações de emergência, é gerado um grande volume de prescrições e estas devem ser validadas por outro profissional para garantir que sejam seguras. “Os robôs ajudam a revisar a dosagem, a frequência, as duplicações e as interações dos medicamentos e deixam os médicos farmacêuticos com apenas 20% de possibilidade de erros. Num semestre são 450 mil receitas, grande parte delas filtradas por robôs para que o farmacêutico possa dedicar tempo ao que é verdadeiramente sensível.” Outra experiência que merece destaque é a implantação de monitores de sinais vitais com protocolo que identifica a variação desses sinais ao longo do tempo para detectar alertas de deterioração e alertar precocemente o corpo clínico. Graças a esta inovação na área da hospitalização, os códigos azuis e a necessidade de resposta rápida diminuíram.
Por fim, em articulação e em nome do IPS, Yuly Fernanda Orozco Pineda, Gerente de Tecnologia do Hospital San Vicente de Paul, afirmou que “a tecnologia deve responder a uma necessidade, e não o contrário; portanto, queremos primeiro traçar o roteiro e depois escolher as ferramentas necessárias”. Além de trabalhar na interoperabilidade do PE com outros dados, capacitaram pessoas estratégicas para que aprendessem a utilizar uma ferramenta de análise de informações.
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