Esse foi o convite da Vice-ministra do MinTIC da Colômbia aos participantes do evento que foi realizado em Bogotá, em formato híbrido. Nesta oportunidade, o lema foi “Inovação, tecnologia e interoperabilidade na saúde. Descobrindo a saúde laboral digital”, com o objeto de seguir aprofundando o intercâmbio sobre desafios e soluções transversais a todo o setor de saúde.
Por Rocío Maure
Como abertura do evento, o Dr. Mariano Groiso, Conselheiro da HIMSS para a América Latina, destacou que a organização coordena este tipo de eventos há 60 anos e que sua área de investigação, responsável de desenvolver modelos de maturidade e a certificação da HIMSS Analytics, representa uma contribuição fundamental para lograr uma verdadeira transformação digital. Por sua vez, o Eng. Henry Diaz Dussan, CIO do Ministério de Saúde e Proteção Social da Colômbia, destacou a importância da tecnologia para alcançar o quíntuplo objetivo: melhor saúde, melhor cuidado, menor custo, melhor experiência clínica e equidade em saúde.
Neste Ministério, atualmente há mais de 200 sistemas de informação, mais de 500 T de dados, e uma grande parte não está online. “Nosso objetivo não é que haja um único sistema, mas que entre todos possamos interoperar, e esse novo modelo de saúde deve estar centrado no paciente”, afirmou o Ing. Diaz Dusan. Para conseguir isso, foi desenvolvido o Sistema Único Nacional de Informação e Banco de Dados do Setor de Saúde e Proteção Social que busca unir todos os componentes tecnológicos que já existem, incorporar tecnologias emergentes disponíveis no mercado e ter um melhor sistema de saúde digital. “É um projeto muito grande: a Fase 1 (2023-2024) se concentra na governança e na arquitetura, onde já houve avanços importantes; a Fase 2 (2024-2025) é a de implementação; e na Fase 3 (2025-2026) planejamos a implantação”, detalhou o CIO. Além disso, de forma transversal, montaram um Centro Digital de Conhecimento, Formação, Uso e Apropriação na modalidade de escola virtual para o setor de saúde.
A aliança com os territórios é fundamental para esta iniciativa, por isso há 2 anos foi retomado o projeto de interoperabilidade do prontuário eletrônico (PEP) para Bogotá, Cundinamarca, Antioquia, Valle e Meta, 5 territórios que começaram a interoperar no início de 2024 através do HL7 FHIR, além de que internamente existe o X-ROAD, padrão de interoperabilidade governamental. O Eng. Diaz Dussan esclareceu que os desenvolvimentos já estão prontos, mas que estão finalizando os testes. Por sua vez, representando o Ministério de Tecnologias de Informação e Comunicações, a Vice-Ministra da Transformação Digital Dra. Sindey Carolina Bernal Villamarin, explicou que a conectividade do país é um desafio, já que atualmente 60,5% do território está conectado e a meta é alcançar 85% da Colômbia conectada, através da coordenação com governos regionais. A Vice-Ministra explicou ainda que está em planeamento uma estratégia com todos os ministérios para a transformação digital entre 2024 e 2026, que abrange a plataforma aberta de dados, a segurança digital, as competências e talentos digitais, a economia digital, a acessibilidade, a conectividade e a colaboração entre o governo nacional e governos regionais.
Cada território é um mundo
Durante uma sessão especial sobre nódulos territoriais, o Eng. Diaz Dussan estimou que durante o mês de Dezembro o Ministério publicará os requisitos para que cada departamento possa ligar-se ao seu nódulo territorial e ter acesso ao nódulo nacional. “Uma mais-valia é que poderão consultar um PEP de qualquer parte do país. Sem interoperabilidade nenhum projeto de sistemas de informação funcionará”, afirmou o representante do Ministério da Saúde e Proteção Social.
“É importante considerar cada região da Colômbia individualmente porque cada uma tem seus desafios e necessidades diferentes; mas para dar significado aos projetos a nível territorial, devem tornar-se políticas de Estado”, disse o Dr. Luis Efraín Fernández Otálora, Secretário de Saúde Departamental do Governo de Cundinamarca, onde o projeto de digitalização elevou-se a governança departamental e por isso se manteve durante 20 anos. O responsável sustentou que é necessária a interação com os actores privados e que deve haver uma unificação do PEP a nível nacional.
Por sua vez, o Eng. Miguel Antonio Roa Bejarano, Secretário de TIC do Governo de Meta, explicou a estratégia do seu governo para que os projetos sejam sustentados através de uma mudança de governo. No caso do Meta, financiaram o projeto de saúde digital com royalties, em 2020 desenharam o processo, estabeleceram um plano e confiam que a candidata eleita continuará com este projeto. “Os recursos já estão atribuídos, reconhecemos a importância da continuidade para melhorar a qualidade do atendimento aos colombianos”, afirmou.
Com foco na capital, o Eng. Fernando Melo, Gerente de Tecnologia da Informação da Fundação Santa Fé de Bogotá, esclareceu que no mundo privado a interoperabilidade já funcionava antes do Ministério colocá-la na mesa. “A Colômbia se destaca na região no que diz respeito à digitalização. Mais além do PEP, as instituições devem compreender a importância da interoperabilidade internamente e alinhar as motivações para utilizar estas ferramentas”, sublinhou. Na mesma linha, o Dr. Juan Fernando Zapata Cárdenas, Líder de Interoperabilidade da SURA, recomendou identificar quais equipes vão trabalhar nesta interoperabilidade: não apenas profissionais de tecnologia, mas também usuários finais, profissionais de saúde que a utilizam todos os dias. “Ter uma equipe interdisciplinar é fundamental, assim como indicadores de impacto para demonstrar o retorno do investimento”, acrescentou. “Não há necessidade de inventar nada, basta adotar e adaptar as experiências de outros territórios e de outras regiões que tiveram sucesso. Para isso devemos avançar juntos”, acrescentou Gustavo Adolfo Torres Becerra, Gerente de Saúde da Minsait.
Histórias de sucesso territorial
Durante o Executive Summit foram apresentadas duas histórias de sucesso territorial. Por um lado, o de Bucaramanga onde a iniciativa Inicio Feliz surgiu da análise da taxa de mortalidade materna e de menores de um ano de idade. A Dra. Laura Milena Parra Prada, Subsecretária de Saúde Pública da Prefeitura de Bucaramanga, explicou que, com base nas bases de dados do município, focaram nos grupos-alvo, além dos municípios onde este programa seria implantado. A equipe se desloca diariamente pelo município com dispositivos eletrônicos que permitem captar informação, armazená-la na nuvem, que depois é analisada em dashboards para facilitar a tomada de decisões e o desenho de intervenções. “Conseguimos zerar a mortalidade materna, diminuiu o número de neonatos com baixo peso ao nascer, reduziu a mortalidade infantil e alcançamos indicadores melhores que os nacionais”, explicou a médica.
A iniciativa também fortaleceu o hospital público com equipamentos biomédicos para melhorar a qualidade do atendimento. “Um pilar fundamental é o fortalecimento das capacidades do talento humano e da comunidade em geral, fornecendo orientações parentais, formação sobre perturbações do desenvolvimento, além de aprofundar a formação do pessoal de saúde”, concluiu.
Por outro lado, o Dr. Germán Augusto Olaya Aguirre, Assessor da Secretaria Departamental de Saúde de Cundinamarca, comentou os mais de 10 anos de experiência de seu departamento com interoperabilidade. Segundo ele, os principais fatores que devem ser priorizados são vontade política, recursos permanentes para implementação, medição de TIC para ver o nível de maturidade do departamento, formação em saúde digital, indústria 4.0, talento humano, renovação da infraestrutura tecnológica nos hospitais e centros, a implementação e atualização de sistemas de informação, uma equipe de trabalho com o perfil adequado além do apoio dos líderes de cada organização e conectividade.
Por ter sido o primeiro departamento a ter um projeto de interoperabilidade, o SiUS 1.0, nesta década compartilharam sua experiência com mais de 14 departamentos e alguns ministérios. O especialista de Cundinamarca também mostrou a arquitetura de implementação do SiUS 2.0 para que fique alinhado com a resolução 866 do MinSal de 2021, além do visualizador clínico e administrativo que centraliza todas as informações atualizadas. “O departamento de Cundinamarca quer se tornar o centro nacional de dados de saúde, integrar dados clínicos com dados intersetoriais e liderar projetos de saúde digital”, concluiu.
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