Hospitais mexicanos e palestras da indústria: «O investimento em digitalização se traduzirá em grande recuperação e economia, o que levará a um país mais saudável»

Coberturas PT Notícias

Foi assim que uma das referências nacionais em saúde digital concluiu sua apresentação no âmbito do evento HIMSS @ Digital Health Connections na Cidade do México, juntamente com palestrantes de alto nível que descreveram o panorama atual e o futuro próximo do setor da saúde.

Por Rocío Maure.

Em uma mesa redonda sobre hospitais no México e seus avanços em tecnologias de Saúde, cinco especialistas do âmbito público e privado intercambiaram suas realidades e obstáculos e, a título de introdução, compararam qual foi tecnologia disruptiva que teve maior crescimento nos últimos tempos.

Desde os Hospitais MAC, o Diretor Geral Adjunto, Eduardo Verboonen Khoury, destacou o uso da realidade aumentada para ver a lesão e permitir uma melhor visualização do cirurgião, enquanto Andrés Omar Nevárez, Gerente de Inovação em Saúde da Christus Muguerza afirmou que a Inteligência Artificial (IA) é a tecnologia mais disruptiva atualmente. “Estamos analisando ultrassom e tomografia com machine learning, para que o profissional receba focos de alerta de pneumotórax com medições que são feitas no momento. Com modelos personalizados, estamos analisando quais pacientes terão dor intensa pós-cirúrgica, apresentam maior resistência aos analgésicos para tomar as medidas necessárias, exemplificou”.

Por sua vez, Jaime Arriaga Ruiloba, vice-diretor comercial do Hospital Médica Sur, lembrou um grande avanço da pandemia: um robô para o prontuário digital, que reduz o risco de contágio por ter autonomia de movimento. “Tínhamos um registro constante do paciente. Também economizamos todo o tempo que os enfermeiros gastavam no preenchimento de informações sobre o paciente, conseguimos deixar de lado processos burocráticos para que a equipe pudesse se dedicar ao paciente”, comentou Arriaga.

Por sua experiência como responsável por um hospital totalmente digital, a Dra. Alma Rosa Sánchez Conejo, do Hospital Regional de Alta Especialidade de Ixtapaluca, explicou que não houve interrupção porque o hospital já nasceu assim. “Tudo o que entra no hospital tem rastreabilidade. Tudo é feito por processos, assim conseguimos sempre identificar o que pode ser melhorado e otimizamos os custos ao máximo”, acrescentou.

Na perspectiva de Jaime Sanchez Ramírez, Diretor de Aplicações e Telco do Ángeles Health System, “não há sistemas de informação sem infraestrutura, não existe inovação sem mudança de processo. Não existe apenas uma ferramenta disruptiva, tudo tem seu ciclo de vida”, então cada passo é necessário.

Os desafios são um fator comum em todas as cinco organizações. Verboonen Khoury insistiu que os principais desafios “somos nós mesmos e nossos vieses cognitivos. Somos configurados para não correr riscos, para ficar com o que já funciona. É necessária uma liderança forte para transmitir os benefícios com uma comunicação muito boa, para que a equipe adote a disrupção e as mudanças”, destacou. O mesmo ocorreu no Hospital Regional de Alta Especialidade de Ixtapaluca, onde a formação inicial de todas as áreas implicou um grande obstáculo, assim como no Hospital Médica Sur.

A inovação deve ser uma prática constante, algo reativo. Devemos ter um orçamento designado, o recurso humano específico para a inovação”, disse Arriaga Ruiloba. A cultura organizacional não só é complexa dentro de um hospital, como é ainda mais difícil em grandes sistemas, como é o caso do grupo Ángeles Health System. “Quando a rede inclui vários hospitais, é muito difícil padronizar os processos, ser uma organização homogênea. Um grande desafio é padronizar a infraestrutura. Devemos abordar todas as deficiências antes de implementar novas ferramentas, por exemplo, garantir cabeamento, disponibilidade robusta de Wi-Fi de nível médico», explicou o diretor Sánchez Ramírez. De todo modo, algumas organizações conseguiram permear essa resistência humana e seus desafios também evoluíram: “no nosso caso, todos os funcionários têm expectativas muito altas em relação à tecnologia e exigem mais, até o corpo de enfermagem que é formado por mais de 4.500 pessoas. Nosso desafio é atender às expectativas de nosso grupo humano, além de acompanhar todas as tecnologias que estão surgindo”, explicou Omar Nevárez.

Todas essas ferramentas, somadas à digitalização de cada organização, levam a melhores resultados e a um atendimento mais personalizado para cada paciente. Os 5 palestrantes concordaram com os benefícios que a digitalização traz para pacientes e profissionais de saúde.

Nesse sentido, a Diretora Geral Sánchez Conejo observou que “a digitalização parece cara, mas otimiza tantos custos que permite economias significativas. Temos de convencer as autoridades, porque o que se investe na digitalização vai traduzir-se em grande valorização e economia, em entidades altamente eficientes e com total rastreabilidade de todos os recursos. Se tivermos sucesso, teremos um país mais saudável.” Por fim, Verboonen Khoury destacou a importância da colaboração entre hospitais públicos e privados e foi ecoado por Arriaga Ruiloba: “Além de falar de camisetas ou setores, devemos trabalhar juntos e ser um ecossistema de saúde”.

Progresso tangível

Durante o evento, os participantes também tiveram a oportunidade de visitar diversos estandes com soluções que já estão disponíveis no mercado mexicano. Nesse contexto, duas das apresentações ilustraram exemplos concretos de ferramentas que podem ser grandes aliadas da clínica. Por um lado, o Dr. Andrés Vázquez, Diretor da Divisão de Inovação em Health-Tech do grupo  Auna Ideas, apresentou a contribuição que a nuvem pode oferecer para melhorar a qualidade do atendimento. Primeiro, ele apontou as perdas milionárias que são geradas anualmente pela falta de detecção precoce do câncer, por complicações evitáveis ​​associadas a doenças crônicas e por estudos redundantes ou desnecessários que são duplicados devido ao manejo ineficiente. “Para os CEOs, a adoção da nuvem não é apenas um impulsionador do crescimento da receita e da eficiência. Seus benefícios de velocidade, escala, inovação e produtividade são essenciais para a busca de oportunidades de negócios digitais mais amplas, agora e no futuro”, ressaltou.

Em resposta a esse problema, a tecnologia em nuvem tem o potencial de oferecer atendimento personalizado e uma experiência integrada aos pacientes. O executivo também destacou 5 grandes vantagens da tecnologia em nuvem: oferecer uma experiência personalizada para os pacientes, melhorar os resultados do atendimento, otimizar a tomada de decisões, desenhar produtos baseados em valor e oferecer novos modelos de atendimento, como saúde domiciliar ou telemedicina. “A nuvem é um catalisador de inovação e transformação digital, graças à sua capacidade de aumentar a velocidade de desenvolvimento e fornecer escala quase ilimitada”, insistiu o Dr. Vázquez e exemplificou a solução “Digital front door”, que inclui um check-in digital , plataforma de inteligência artificial (AI) para o EHR e chamadas de acompanhamento. Essa ferramenta, ele demonstrou, facilita a gestão de plantões, acompanhamento e dados de cada paciente.

Por outro lado, Denise De La Rosa, Gerente Sênior de Marketing Estratégico para as Américas da BMJ, apresentou o primeiro Gerente de Comorbidades: BMJ Best Practice. A ferramenta “BMJ Best Practice” apóia a tomada de decisão clínica no ponto de atendimento e foi muito bem recebida na América Latina, com pontuações muito altas em estudos independentes.

“Sabemos que 1 em cada 3 pessoas sofre de mais de 1 doença crônica, e mais de 40% dos mexicanos já sofrem de mais de uma doença crônica”, disse De La Rosa. “Muitas ferramentas digitais são úteis para tomar decisões, mas geralmente são programadas para tratar apenas uma doença crônica por vez e isso se transforma em uma jaula”, explicou. Desde a formação médica, as equipes clínicas e as orientações tendem a se organizar em torno de uma única doença ou órgão por vez. A plataforma “BMJ Best Practice Comorbidities” ajuda os profissionais de saúde a terem uma abordagem mais abrangente que aborda possíveis comorbidades “Um em cada três pacientes internados com urgência em um hospital terá cinco ou mais afecções”. O gerenciador de comorbidades, que em breve estará disponível no México, auxilia o profissional de saúde para que não negligencie nenhuma possibilidade.

Finalmente, o Dr. Vázquez alertou que “um dos principais problemas que enfrentamos na América Latina é que são as equipes de TI que impulsionam esse avanço digital, sem a colaboração de outras equipes”. Por sua vez, é fundamental ter uma visão federal e ponderar as condições das diferentes áreas geográficas.

Nesse sentido, a BMJ está realizando um processo de estudo das afecções mais comuns nos hospitais mexicanos e os convida a trabalhar juntos para melhorar ainda mais a ferramenta que estão apresentando (via contato: [email protected]).

Sem dúvida, espaços de intercâmbio, como o evento organizado pela HIMSS, possibilitam propor novas ideias e possíveis soluções para problemas comuns, que se vão traduzir posteriormente em uma transformação digital robusta e duradoura.

Clique aqui para ler a primeira parte da cobertura: O Setor de Saúde como um ecossistema.

Parte 1: O futuro do sistema nacional de saúde no México

Parte 2: Palestras da Indústria

Parte 3: Hospitais no México e seus avanços em tecnologias de saúde

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