Laís Zonta Medeiros: “Sem inovação é impossível transformar o setor da saúde, gerar um estilo de vida mais saudável e oferecer soluções para profissionais e pacientes”

Entrevistas

Desde São Paulo, Laís Zonta Medeiros, Diretora de Vendas e Serviços de TI da Philips para a América Latina, conversou com o E-Health Reporter no marco da sétima edição do Philips Connect Day.

A especialista em soluções para a transformação digital de centros de saúde e referência na ferramenta Tasy deu sua perspectiva sobre a abordagem da pandemia e o futuro da digitalização de muitas instituições da região.


. Na sua opinião, quais foram os principais tópicos apresentados durante o Philips Connect Day 2020?

Este ano, o evento Connect Day teve mais de 7 mil participantes, demonstrando a relevância do evento, além de posicionar a Philips como uma empresa de soluções em informática clínica. Sem dúvida, os temas que foram abordados durante o evento – transformação digital, Telemedicina, Telerradiologia, as mudanças causadas pela pandemia COVID-19, as novas legislações, entre outros – são essenciais para a atualização dos profissionais do setor.

Embora todas as palestras tenham sido extremamente importantes para esse intercâmbio, acredito seja importante destacar aquela que mostrou como estamos nos posicionando no Connected Care Informatics e o que estamos planejando para a América Latina. Também destaco a palestra da nossa Vice-presidente e diretora geral da Philips para a região, Fábia Tetteroo-Bueno, que abordou a nossa visão de ter o paciente como centro de todos os cuidados, e na qual lembrou que o setor está experimentando uma mudança para uma nova perspectiva (o valor do tratamento), e abordou a interoperabilidade, na qual o sistema de saúde é visto como um “ecossistema conectado” para melhorar a experiência do paciente, que agora pode receber cuidados preventivos baseados em dados. Por fim, destaco a apresentação de Jeroen Tas, Diretor de Inovação e Estratégia da Philips, que falou sobre as tendências do setor e expressou que o futuro da indústria médica está em uma medicina precisa, preditiva, proativa, com um serviço ininterrupto, holístico e coordenado.


. Este foi um ano atípico, em especial, para o setor da saúde. Quais as principais mudanças que a pandemia trouxe e como influenciarão o futuro?

Diante da pandemia COVID-19, o setor de saúde identificou oportunidades para adotar novas tecnologias, o que lhe permitiu impor algumas regulamentações junto com novos modelos de negócios e colaboração. Este novo contexto confirmou a necessidade e capacidade de soluções digitais em períodos críticos. Por exemplo, por meio da tecnologia é possível acessar os serviços de saúde sem expor pacientes e profissionais ao risco de contágio através da telemedicina, que tem-se destacado no atendimento às demandas da pandemia.

Acredito que é fundamental preparar as instituições de saúde para que possam atender os pacientes com atendimento e resultados mais rápidos, menores custos e com maior precisão. Investir em inovação e novas tecnologias é fundamental, especialmente durante a pandemia. A Philips trabalha e ajuda as equipes de TI a construir as conexões necessárias, e facilitar o atendimento ao paciente remotamente por meio de plataformas digitais, que apóiam a tomada de decisões médicas e fornecem visibilidade do histórico médico. O que aprendemos no processo, nos permitirá prever, e nos preparar para o futuro.


. Quais são os desafios que a América Latina enfrenta atualmente em relação à saúde?

Os sistemas de saúde da América Latina já enfrentavam pressões de uma população crescente que demandava atendimento, além da falta de recursos financeiros e humanos que afetavam diretamente a qualidade do sistema de saúde. Contudo, na América Latina a implantação de tecnologias de telemedicina pode ser bastante rápida. Temos as maiores oportunidades de transformação da saúde e capacidade para isso: a adoção de tecnologia é relativamente rápida e o sistema como um todo precisa de uma transformação de longo prazo.


. Como a Philips está ajudando as instituições de saúde durante este delicado período?

A Philips está realizando várias ações para ajudar instituições e profissionais de saúde a lidar com a pandemia COVID-19, incluindo:

Investimento na atualização de novas plataformas clínicas de TI para priorizar o atendimento remoto. Por exemplo, no Tasy, as funções de teleconsulta e telemonitoramento permitem o contato médico-paciente por videochamada em um ambiente privado e criptografado de ponta a ponta. Durante a pandemia, a solução Tasy também foi implantada em dois hospitais de campanha em São Paulo (Anhembi e Ibirapuera). Graças ao Tasy EMR, os hospitais de campanha podem promover o gerenciamento de todos os dados em tempo real e compartilhar as informações facilmente (por exemplo, com agências governamentais) para uma tomada de decisão rápida.

Além disso, desenvolvemos uma nova plataforma, PFCS (Patient Flow Capacity Suite), que integra o Tasy. Essa plataforma permite gerenciar pacientes em risco de contágio e auxilia a instituição de saúde a identificar seus recursos disponíveis: capacidade total e leitos na UTI, entre outros.

Para os casos em que as visitas dos nossos engenheiros de serviço, ou da equipe de aplicação ou consultores de implantação sejam necessárias no local, implementamos medidas e protocolos rígidos para garantir que possam apoiar os clientes de forma segura e com o equipamento de proteção individual adequado.


. O Tasy EMR evoluiu e agora oferece suporte a organizações a partir de uma arquitetura baseada em nuvem. Como essa ferramenta é implementada em uma determinada organização e quais são os principais benefícios desse desenvolvimento?

A Philips aprimorou o Tasy EMR e agora também oferece arquitetura em nuvem que opera como SaaS (Software as a Service) e atende a clientes de pequeno, médio e grande porte. O banco de dados e o servidor de aplicativos se comportarão de acordo com os volumes de informações de cada um. A arquitetura em nuvem do Tasy permite padronizar a instalação de componentes e serviços, evitando reimplementação, riscos de segurança e problemas de desempenho. Por sua vez, todas as informações são protegidas por mecanismos de criptografia e armazenadas em diferentes centros de dados para garantir a continuidade do serviço em qualquer situação.

O sistema é fornecido remotamente e nossos especialistas o monitoram e otimizam constantemente, para que as instituições de saúde tenham acesso aos recursos mais avançados que oferecemos. A nossa gestão permite aos centros médicos reduzir custos, pois toda a instalação do Tasy na nuvem, configuração e gestão do ambiente do servidor passa a ser responsabilidade da Philips. Dessa forma, as instituições podem realocar seus recursos para outras atividades importantes, como focar no atendimento clínico.


. Quão crítica é a interoperabilidade para uma transformação digital bem-sucedida? Como Tasy contribui para a construção de um ecossistema completo dentro da organização?

A interoperabilidade na área de saúde e o compartilhamento de dados do paciente são essenciais para a transformação digital. Os benefícios são diversos: melhorias no fluxo de trabalho hospitalar e redução da sobrecarga do corpo clínico, disponibilidade de dados confiáveis que facilitam a análise e tomada de decisão por parte dos médicos e, consequentemente, diagnósticos mais precisos que proporcionam o atendimento que todo paciente merece.

Precisamente, o Tasy atua nesta conexão de dados, uma vez que concentra as informações de pacientes e unidades de saúde em uma única plataforma. O sistema permite a construção de um banco de dados único, qualitativo e integrado, que auxilia gestores, profissionais de saúde, municípios e demais esferas de governo no controle da qualidade do atendimento, custos e tomada de decisões.

Com essa solução, é possível ter uma história clínica única para todos os níveis de atendimento e, assim, favorecer a prevenção e evitar atrasos no diagnóstico.


. Qual a importância das novas regulamentações, como a LGPD brasileira, para a proteção de dados para a transformação digital?

A LGPD motivará uma mudança pragmática no gerenciamento de dados. Conforme foi abordado no painel “Transparência e compliance”, com o Dr. Luis Gustavo Kiatabe, presidente da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), a nova lei fornece uma série de direitos ao paciente, incluindo o conhecimento sobre o tratamento dos dados. No setor de saúde, diferentemente dos demais, a informação é feita para ser compartilhada entre médicos e paciente. Neste caso, as instituições de saúde precisam documentar com quem e como dividem essas informações.

No mundo, a saúde é um dos setores mais regulamentados, no qual todos lançamentos ou alterações necessárias de softwares e hardwares são submetidos a rigorosos métodos de verificação e validação com agências reguladoras. Aqui, as empresas tiveram um período para se adaptarem as novas normas e proteger os dados dos seus clientes.

Para a Philips, a proteção de dados e privacidade dos clientes e pacientes é fundamental. Por isso, seguimos todos os protocolos para assegurar a proteção das informações geradas por nossas soluções, adequando os nossos sistemas/processos. A Philips tem obrigação e a responsabilidade de entregar para os clientes as melhores soluções, em conformidade com a LGPD.

O Tasy possui recursos que apoiam a privacidade e segurança dos dados de saúde, com processos e ferramentas que auxiliam as instituições no tratamento desta imensa quantidade de informação, razão pela qual já contempla este regulamento sobre proteção de dados.


. O evento apresentou os resultados do Future Health Index, quais você considera os pontos-chave do relatório 2020?

A partir do Future Health Index, relatório desenvolvido anualmente pela Philips, conseguimos determinar quão preparados os países estão para enfrentar os desafios da saúde global e criar sistemas nacionais sustentáveis e adequados no curto, médio e longo prazo. Pela primeira vez, a pesquisa se concentrou nas percepções de jovens profissionais de saúde com menos de 40 anos e analisou três frentes: as lacunas na educação e formação em saúde; tecnologia para ajudar a transformar a indústria e estratégias para criar um ambiente de trabalho de saúde ideal.

No Brasil, as principais lacunas estão relacionadas às competências não clínicas, como a gestão administrativa e do estresse no ambiente de trabalho. 50% dos jovens profissionais brasileiros consideram que sua formação médica não os preparou para as tarefas administrativas, nem os ensinou a enfrentar e controlar as tensões e pressões do dia a dia (34%). Apesar dessas adversidades, os dados gerados a partir da perspectiva desses jovens profissionais mostram que as soluções digitais são essenciais para o futuro do setor.

Além disso, 66% dos entrevistados afirmam que a Inteligência Artificial permitirá oferecer um atendimento personalizado e fornecer as ferramentas necessárias para manter a saúde de seus pacientes (64%). No entanto, esses profissionais apontaram alguns desafios quanto à conexão entre os sistemas. 61% acreditam que é necessário melhorar a interoperabilidade entre as plataformas para garantir o máximo uso dos dados clínicos.

Essas soluções também reduzem custos para as instituições de saúde e melhoram o dia a dia dos profissionais de saúde, que esperam que a adoção dessas tecnologias reduza o estresse emocional (79%).

Em resumo, como o mercado de tecnologia no Brasil tem crescido fortemente e o país conta com excelentes centros de saúde, comparáveis aos melhores hospitais do mundo, é possível criar um sistema mais completo, sustentável e inclusivo, com profissionais focados no quádruplo objetivo. Sem inovação é impossível transformar o setor de saúde, gerar um estilo de vida mais saudável, ou oferecer as soluções para profissionais e pacientes.


. Quais são os próximos passos da Philips em relação ao desenvolvimento e implementação de tecnologias na América Latina?

Conforme mencionado ao longo do evento, na América Latina existe uma grande oportunidade de reduzir custos em saúde e criar um sistema mais sustentável e inclusivo, graças às soluções digitais. Com o poder da tecnologia, é possível prestar atendimento em áreas remotas, com sistemas holísticos e modelos de negócios onde os sistemas de saúde podem acessar essas tecnologias a um custo mais acessível.

Ao aumentar a colaboração os players do setor, desenvolvendo novos modelos de negócios, para o acesso as últimas tecnologias médicas e entender problemas que afetam a população, a Philips com suas soluções e iniciativas, poderá avançar no acesso à saúde e criar um sistema mais inclusivo. A empresa possui diversas soluções integradas para cocriar o futuro da saúde na América Latina. Este é um fator-chave para melhorar a eficiência e aumentar a produtividade em hospitais e centros médicos na região.

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