André Almeida: O mercado de TIC está em franca evolução, em especial a TIC focada no setor saúde 

HIMSS Latin America

Por Nicolás Parada

Neste ano a Healthcare Information and Management Systems Society estabeleceu um grande desafio: organizar por primeira vez a Conferência e Exposição Anual HIMSS Latin America. E para consegui-lo, associou-se com a Associação Brasileira CIO Saúde (ABCIS).

André Almeida, diretor técnico do Departamento de Saúde do Governo do Estado de São Paulo e presidente da ABCIS, considera que o mercado de TIC está em franca evolução, que o desafio regional mais importante da América Latina é a implantação efetiva de um EMR, e que a desintegração de informação sanitária será a próxima grande onda de trabalho.

Qual é a sua visão sobre o lugar que a saúde pública e o setor privado devem ocupar perante o desenvolvimento das TIC?

O grande muro que existia separando o setor público do setor privado, aqui no Brasil, está cada vez mais baixo e em alguns momentos ele não existe mais. Como destaque, apesar do muro estar mais baixo, as instituições ainda não cooperam para ter um sistema informatizado que permita, independente do tipo de instituição pública ou privada, um compartilhamento das informações para continuidade do cuidado desse paciente.

No modelo de Saúde aplicado no Brasil, a saúde privada é uma opção suplementar à saúde pública, logo deveria haver de toda forma esse processo mais harmônico entre ambas, sem dúvida é papel da saúde pública estabelecer os padrões, agir como o centralizador das decisões porém, todas as decisões devem ser tomadas de forma colegiada e levando em consideração a grande diversidade de realidade que encontramos aqui no Brasil.

Que papel representa a separação entre o público e o privado na desintegração da informação em saúde?

Acredito que essa será nossa próxima grande onda de trabalho, pelo menos aqui no Brasil. Para todos os gestores já é claro que essa desintegração dificulta o planejamento epidemiológico e administrativo. A HIMSS, nesse sentido, já lançou um ferramental que está sendo estudado por diversos gestores para apoio que é o modelo de maturidade para continuidade da atenção em saúde. Esse modelo vem pensando em uma lógica de compartilhamento de informações entre unidades assistenciais. 

O que opina sobre o modelo EMR na região?

Outro desafio a ser encarado frontalmente é a implantação efetiva de um EMR. Nossa realidade aqui é de uma disparidade gigantesca entre as instituições e com enorme dificuldade em se medir essa distância. Nesse sentido vemos com muita alegria os primeiros estudos EMRAM aqui no Brasil serem concluídos e para nossa surpresa com instituições candidatas ao nível 6.

Como você avalia a situação das TIC na América Latina?

O mercado de TIC está em franca evolução, em especial a TIC focada no setor saúde. Vejo a indústria fornecedora cada vez mais preocupada em ofertar soluções que possam agregar valor ao negócio existente e não havendo mais o antigo olhar de que era necessário desconstruir o que está feito para se fazer algo novo. Vejo como grande desafio local ainda as questões de infraestrutura que sempre fazem com que o profissional tenha que pensar em planos alternativos de contingência. A vinda dos fornecedores de outros países também me agrada, além de um olhar diferenciado elas puxam as empresas locais para um patamar mais elevado de tecnologia.

Quais são os propósitos da HIMSS Latin America?

Vemos com muita alegria a parceria da HIMSS e da ABCIS, nossos propósitos chave são a divulgação da metodologia do EMRAM e seus benefícios para as unidades hospitalares, exibir modelos de melhoria e profissionais que passaram por essa etapa de tentar elevar o nível de maturidade do uso de Tecnologia da Informação em suas corporações, exibir grandes corporações do mundo e como elas funcionam verificando se esse modelo pode ser adaptado à America Latina e por último ter novamente um locus ampliado para troca de experiências e contatos, tanto com profissionais do setor como também com a indústria fornecedora que começa a ver a área de saúde como uma área que tem demandas muito específicas e é muito exigente na prestação de serviço.

Quais são os projetos da ABCIS?

Nosso foco é sempre “Pessoas”, manter esse profissional atualizado com os desafios que estão acontecendo no mundo afora é uma das nossas tarefas, dessa forma vamos sempre estar buscando as novidades do mercado que podem fazer diferença para o trabalho direto deste profissional.Outra frente que sempre está no nosso radar é fazer com que esse profissional seja visto pelo mercado como um profissional que efetivamente é capaz de apoiar nos processos de decisão das corporações. Temos que diminuir esse enfoque “tecniques” que é intrínseco à área e começar a entender e aprender os caminhos para tornar-se um parceiro de negócios da corporação com capacidade de gerar soluções que façam diferencial mercadológico. 

Estão pensando em ampliar o alcance da associação a países da América Latina?

Nesse momento estamos consolidando nossas unidades regionais, o Brasil é muito grande e tem uma rede assistencial extremamente complexa. Hoje já temos unidades regionais na Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Sul do Brasil e Interior de São Paulo. Como sempre lidamos com o apoio dos profissionais na sua atividade final entendemos que agora, o melhor modelo é o de aproximação a instituições que tenham esse mesmo objetivo e até mesmo apoiando que outras localidades que tenham essa vontade mas não conheçam os caminhos para o início de uma associação possam fazê-la.

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