“Médicos estão salvando vidas a distância, graças a telemedicina”

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Até onde podemos levar saúde com a telemedicina? Até na guerra entre Rússia e Ucrânia. O hospital israelense, Sheba Medical Center, trabalha em conjunto com a United Hatzalah Israel, a maior organização independente de apoio voluntário e sem fins lucrativos para dar assistência a população, com um ‘arsenal telemédico’ usado pelas vítimas do conflito.

Por Anna Clara Rabha*

Até onde podemos levar saúde com a telemedicina? Até na guerra. O confronto entre Rússia e Ucrânia já passa de três meses, impedindo o direito de ir e vir dos ucranianos, que não podem sair para o supermercado em algumas cidades, imagina pensar em ir ao médico. O problema é que a doença não espera. É aí que entra a telemedicina, rompendo as barreiras e levando cuidado a quem precisa.

O maior hospital israelense, Sheba Medical Center, trabalha em conjunto com a United Hatzalah Israel, a maior organização independente de apoio voluntário e sem fins lucrativos para dar assistência a população, com um ‘arsenal telemédico’ usado nas vítimas do conflito que precisa apenas de internet para funcionar.

TytoCare, a solução tecnológica que cabe na palma da mão, realiza exames físicos remotos para analisar possível infecção da garganta e ouvido; auscultar o pulmão, coração e abdômen; medir a temperatura; e fazer imagens de lesões na pele com alta resolução e acurácia. A dois mil quilômetros de distância, em Tel Aviv, os profissionais de saúde conduzem os pacientes, em tempo real, para que eles possam realizar os exames. Tudo é armazenado em uma plataforma digital, que é acessada pelo médico para análise dos dados e diagnóstico. Depois, ele prescreve o tratamento, sem necessidade de estar frente a frente com o paciente, elevando a qualidade na assistência ao cuidado ao agregar o exame físico.

Os profissionais de saúde baseados no hospital atendem também pacientes que saíram da Ucrânia e foram para Chisinau, capital da Moldávia, utilizando um outro dispositivo portátil (de ultrassom), que coleta imagens de qualquer lugar e as envia para análise do departamento de obstetrícia e ginecologia. O MSF (Médicos Sem Fronteiras) – que atua com estações de telemedicina desde 2010 em zonas de conflito – está com postos médicos na Ucrânia e em países vizinhos como Polônia, Moldávia, Hungria, Romênia e Eslováquia.

Os impactos da tecnologia no acesso à saúde são inúmeros. Sem barreiras geográficas e otimizando os recursos existentes, a telemedicina consegue levar a essas pessoas a atenção de que precisam.

Os exemplos mundiais que deram bons resultados no atendimento à saúde estão focados na ampliação da atenção primária, o chamado médico de família. Neles, as linhas de cuidado ganham uma abordagem multidisciplinar e passam a tratar da saúde do paciente em um contexto mais amplo, que envolve desde o estilo de vida, alimentação, saúde mental, até o contexto socioeconômico do paciente.

Associado a tudo isso, a tecnologia ajuda a alavancar o trabalho dos médicos e dos profissionais de saúde, otimizando recursos independente da localidade geográfica, auxiliando na detecção precoce de doenças por meio de inteligência artificial, fazendo triagem de forma remota e automatizada para desafogar clínicas, laboratórios e hospitais de casos simples para que os mais complexos possam ser priorizados.

No Brasil, o TytoCare já é utilizado por hospitais, planos de saúde e universidades de medicina desde 2020, inclusive em projetos sociais, em comunidades carentes e aldeias indígenas.

*Integrante dos Comitês de Saúde Digital e de Imunodeficiência da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia e médica da Tuinda Care, startup que tem como aceleradores os hospitais infantis Pequeno Príncipe (PR) e Sabará (SP)

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